Muitas vezes guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, pequenos textos que escrevemos e ficaram arrumados numa gaveta fechada...


Eu decidi abrir essas gavetas, e o resultado é este blog!




How many times we keep things for our own – opinions, feelings, ideias, moods, reflections, some little texts we wrote and put on a closed drawer…

Now I have decided to open those drawers, and this is the result!



Mostrar mensagens com a etiqueta desculpas. Mostrar todas as mensagens
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Os sentimentos têm peso e medida?



"Quando se gosta de alguém não há desculpas. Quando se gosta de alguém, não há nada mais importante do que essa outra pessoa. Não há mensagem que não se receba porque possivelmente não vimos, porque se calhar estávamos a passar num sítio sem rede, porque a amiga não nos deu o recado, porque não estavámos em casa. Quando se gosta de alguém temos sempre rede, nunca falha a bateria, ouvimos sempre o telefone, a campainha da porta, lemos sempre a mensagem que nos deixaram e não respondemos só no final do dia, nunca nada nos impede de nos vermos e nem de nos encontrarmos." 


Como saber se alguém gosta de nós? E como medi-lo?
Será que isso é possível?
Quando se gosta de alguém, não há desculpas, é verdade. Mas também é verdade que não precisamos delas, porque pode e há, por vezes, factos reais que podem, em determinados momentos, limitar ou impedir as nossas acções.
É mais que natural que haja mensagens por abrir, porque no momento em que foram enviadas não as vimos. Podíamos nem estar ao pé do telemóvel, podia estar sem som, podíamos estar ocupados com outras coisas. Podemos até ter ficado mesmo sem bateria (normalmente isso acontece sempre quando mais precisamos). E, além disso, a nossa vida não se resume a um telemóvel.
E quem diz ao telemóvel, diz ao telefone ou à campainha. Porque, simplesmente, não somos obrigados a estar em casa, ou a estar em alerta, sempre à espera que alguma coisa aconteça, que alguém precise de nós, que alguém nos chame. Se o fizéssemos, não estaríamos a levar uma vida normal.
Quando gostamos de alguém, essas pessoas são realmente muito importantes para nós, mas será que não deverá haver nada mais importante que elas?
Tenho uma filha, tenho os meus pais, o meu irmão, os meus sobrinhos, o meu namorado...amo-os a todos, e são as pessoas mais importantes da minha vida. Mas, ainda assim, não posso viver a minha vida, única e exclusivamente, em função deles.
Quando queremos, e podemos, estar juntos, não existem desculpas. Nem precisamos delas!
Durante a semana, só estou com a minha filha de manhã e à noite, ora a prepará-la para ir para a escola, ora a prepará-la para ir para a cama. Será isso uma desculpa? Não, é uma realidade! Mas posso estar com ela com maior qualidade ao fim de semana e, por isso, faço-o.
O meu namorado trabalha de noite, eu de dia. Durante a semana muito difícilmente nos podemos ver. Como moramos longe, fica dispendioso andar de um lado para o outro. Será isso uma desculpa? Não, é a realidade! Mas quando temos um fim de semana e condições financeiras, estamos juntos!
O meu pai precisava de falar comigo, ligou-me, mas eu só vi a chamada perdida mais tarde, quando peguei no telemóvel. Será mais uma desculpa? Claro que não, se tivesse dado por isso, atendia!
Uma amiga pergunta-me se me posso encontrar com ela num determinado dia, mas eu já tinha outra coisa combinada. Será que estou a utilizar esse facto como desculpa? Penso que não, é um facto! Resta-me decidir racionalmente se não haverá problema em desmarcar o que estava programado, em virtude da necessidade da minha amiga.
Ainda assim, penso que, acima de tudo, não podemos atender a todas as solicitações que nos chegam, anulando-nos a nós próprios.
É com enorme prazer, satisfação, amor, carinho e dedicação que, quando realmente gostamos das pessoas, tentamos sempre estar lá para eles quando mais precisam. Mas convém que estejamos cá, também, para nós!
Quanto à forma como demonstramos aquilo que sentimos, cada pessoa tem a sua maneira de o fazer. Muitas vezes não é aquela que gostaríamos, nem tão pouco aquela que nós usamos. Mas será que, quando se gosta, mesmo mostrando-o de diferentes formas, não o estamos a mostrar na mesma?
Perante uma determinada realidade, situação, facto, adversidade ou acontecimento, podem haver diversas reacções.
É como se nos apresentassem uma meta, à qual podemos chegar por diferentes caminhos - uns escolhem o mais longo, outros o mais curto, uns escolhem o mais direito, outros o que tem mais curvas, mas no fim, todos lá chegam!
O amor é assim! A amizade é assim! Qualquer sentimento é assim! Mas, quando é verdadeiro, conseguimos transmiti-lo, e as pessoas sentem-no!
Quem nos conhece bem, sabe a forma própria que temos de demonstrar aquilo que sentimos. Conhece bem o valor dos nossos sentimentos!
E não terá motivos para duvidar deles!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Não acontece só aos outros...

Cada vez que lia uma notícia sobre violência doméstica, o meu pensamento era sempre o mesmo: "Como é que uma pessoa se sujeita a isto?", "Porque é que não faz nada", ou ainda "Eu nunca iria permitir uma situação destas".
Como o nosso pensamento muda, quando estamos no meio da situação, como protagonista, e não apenas do lado de fora como mero espectador!
Desengane-se quem pensa que este é um problema típico de pessoas sem estudos e de classe baixa, que afecta apenas as mulheres. Cada vez mais, percebemos que é um crime que não escolhe sexo, classe social ou formação.
E pode acontecer mesmo aqueles que um dia disseram que nunca iriam admitir que tal lhes acontecesse.
Numa situação dessas, o que fazer? Apresentar queixa, afastar-se do agressor e pôr logo ali um ponto final ao nosso papel de vítima.
Mas, se é assim tão simples, porque é que muitas vezes não agimos para evitar que se repita? A explicação é simples - gostamos mais de quem nos agride do que de nós próprios!
Quando assim é, ficamos cegos, surdos e mudos! Inventamos mil e uma desculpas para nos convencer, a nós e aos outros, que foi uma coisa que aconteceu uma vez e não voltará a acontecer.
Perdoamos quem nos agride porque foi uma questão de descontrolo, porque não havia intenção de o fazer.
Pior, chegamos ao ponto de muitas vezes nos culpabilizarmos pela agressão de que fomos vítimas, como se o outro tivesse alguma razão para cometer tal acto!
Outras vezes, não agimos por medo - medo de mais violência, medo de ver concretizadas as ameaças, medo do que nos possa acontecer.
Afinal, sabemos bem como funciona a justiça, e o que acontece aos criminosos e agressores quando são acusados pelas vítimas. Quantas vezes são detidos e saem logo em seguida? Quantas vezes se tentam vingar por terem sido denunciados? Quantas vezes o pior não acontece, sem que ninguém faça nada, apesar das várias acusações já apresentadas nos serviços competentes?
A verdade é que as vítimas não conseguem confiar em ninguém, não acreditam que as consigam proteger do que mais receiam.
E algumas vezes também, por medo de serem julgadas. Por medo do que possam vir a dizer sobre elas, por vergonha...
Quando assim é, sujeitam-se e acomodam-se sem reclamar. É o pior que podemos fazer - quem faz uma vez faz duas, e quem faz duas faz três. Os agressores acham que têm esse direito, porque afinal nós permitimos que eles pensassem assim, e não param.
Em qualquer caso de violência doméstica, não falamos apenas de agressões físicas. Há agressões psicológicas que, muitas vezes, nos marcam mais que meia dúzia de nódoas negras.
Não condeno as vítimas que não conseguem sair desse pesadelo. Por outro lado, admiro todas aquelas que têm a coragem de agir e reagir.
Acima de tudo, são um exemplo de quem soube e conseguiu dar a volta e lutar por si próprio, pela sua dignidade, pela sua saúde física e mental, pela sua vida. São um exemplo de quem venceu em vez de se deixar vencer! E nada é mais compensador do que essa sensação!

It does NOT only happen to the others ...

Each time I read a story about domestic violence, my thought was always the same: "How does a person subject to this?", "Why does that person do nothing", or "I would never allow such a situation ".
But  our thinking changes when we are in the middle of the situation, as the protagonist, and not just on the outside as a spectator!
Disabuse those who think that this is a typical problem of uneducated and lower class people, which affects only women. Increasingly, we realize that is a crime that does not choose gender, social class or training.
And it can happen even to those who once said they would never admit it to happen.
In such a situation, what to do? Complaint, to depart from the perpetrator right there and put an end to our role as victim.
But if it is so simple, why do not often act to avoid a repeat? The explanation is simple – we love those who hurt us more than we love ourselves!
When this is so, we are blind, deaf and dumb! We invent a thousand excuses to convince ourselves and the others, that was something that happened once and will never happen again.
We forgive those who hurt us because it was a matter of lack of control, because there was no intention to do so.
Worse, we got to the point that we often blame ourselves for the attack that we were victims, as if the other had some reason to commit such an act!
Sometimes you do not act for fear - fear of further violence, fear of seeing realized the threats, fear of what might happen.
After all, we know very well how the justice works, and what happens to criminals and offenders when they are accused by victims. How often are arrested and then immediately leave? How many times they try to take revenge for having been exposed? How often the worst does not happen without anyone doing anything, despite several accusations already made by the competent services?
The truth is that the victims cannot trust anyone, they don’t believe that someone is able to protect them from fear.
And also sometimes, for fear of being judged. For fear of what might be said about them, for shame ...
When this is so, they subject to and accommodate themselves without complaint. It's the worst thing we can do - who did once will do it again, and again and again. Abusers believe they have this right because, after all, we let them think so, and it doesn’t stop.
In any case of domestic violence are not only speaking of physical aggression.
There are psychological abuse that often mark in more than half a dozen bruises.
I do not condemn the victims who can not get out of this nightmare. On the other hand, I admire all those who have the courage to act and react.
Above all, they are an example of those who knew and managed to turn around and fight for themselves, for their dignity, for their physical and mental health, their life. They are an example of who won rather than succumb! And nothing is more rewarding than that feeling!