Quando soube que estava grávida, pensei: “e agora, será que estou preparada?”
Se estava preparada ou não, não sei, mas tenho vindo ao longo destes oito anos a fazer aquilo que sei, que posso, e que o meu coração de mãe me diz para fazer.
Aquilo que penso ser o mais correcto, aquilo que considero mais natural.
Tenho uma única filha e, apesar de não ser de todo uma mãe perfeita, e de a minha opinião valer o que vale, de uma coisa já me convenci - não quero saber qual é a altura certa, o momento adequado, a hora recomendada. Não quero saber se há outras crianças que já fazem isto ou aquilo, ou são capazes de uma coisa ou outra. Cada criança é uma criança e a minha há-de fazer o mesmo que outras, tão bem ou melhor ainda, ou simplesmente à sua maneira, quando tiver que ser.
Os dentes costumam nascer numa determinada idade. As crianças costumam gatinhar, e começar a andar em tal mês. Deixam de mamar aos tantos meses. Dizem as primeiras palavras quando têm aqueles anos. Largam a fralda, começam a dormir sozinhos, e tantas outras coisas que nos fazem questão de informar e advertir como se, qualquer uma delas, ocorrida fora desses tempos predefinidos, fosse indicador de que alguma coisa não está bem, que não estamos a educar bem os nossos filhos ou a fazer o melhor por eles, pelo contrário, estamos a prejudicá-los.
Mas será mesmo assim?
Sempre considerei que a minha filha largaria a fralda quando estivesse preparada, e não à força. Se foi demasiado tarde? Talvez! Mas que importa isso? Deixou de a usar por iniciativa própria e não a prejudicou em nada.
Sempre considerei que era preferível ela dormir sozinha mas, depois de uma primeira fase em que se adaptou perfeitamente, veio aquela em que me venceu pelo cansaço. Habituámo-nos então a dormir juntas, até que, há cerca de um ano, combinámos fazer a experiência e dormir cada uma no seu quarto. Resultou. E não é que, depois de eu considerar que estas tinham sido duas pequenas vitórias no meu percurso de mãe, alguém me fez sentir como se não tivesse feito mais que a minha obrigação. Como se tivesse cometido erros gravíssimos e de tal forma prejudiciais, que já deveria ter corrigido há muito tempo atrás.
Qual não é o meu espanto quando me deparo com uma reportagem sobre o co-sleeping, e percebo que afinal até é uma prática mais comum do que se pensa!
Então, chega de me dizerem o que é normal e o que não é, o que devo fazer e o que não devo, o que é o melhor e o que não é, porque cada vez mais me convenço que o melhor que fazemos é seguir o nosso instinto maternal!
Muitas vezes guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, pequenos textos que escrevemos e ficaram arrumados numa gaveta fechada...
Eu decidi abrir essas gavetas, e o resultado é este blog!
How many times we keep things for our own – opinions, feelings, ideias, moods, reflections, some little texts we wrote and put on a closed drawer…
Now I have decided to open those drawers, and this is the result!
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quinta-feira, 22 de março de 2012
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
A Experiência
“A experiência é como uma lanterna dependurada nas costas – apenas ilumina o caminho já percorrido”
CONFÚCIO
Lembro-me de uma história que li uma vez, sobre duas moscas que caíram num copo de água. Uma delas, lutou desesperada para conseguir sair de lá mas, ao fim de pouco tempo, estava de tal forma cansada que acabou por não ter mais forças e afogou-se. A outra, mais ponderada, conseguiu com calma chegar até ao rebordo do copo e voou, salvando-se da morte certa. Uns tempos mais tarde, essa mesma mosca volta a cair num copo, desta feita mais alto. Uma outra, que observava a cena, tentou ajudá-la, sugerindo-lhe que se servisse da palhinha para subir. Mas a mosca, baseando-se na sua experiência adquirida da aventura anterior, resolveu agir como dessa vez, ignorando o conselho da sua amiga. E assim, acabou por ter um triste destino.
É certo que todos nós aprendemos alguma coisa com a experiência que, ao longo da nossa vida, vamos adquirindo. Mas isso não significa que estejamos totalmente preparados para o futuro, imunes ao que ele nos reserva, ou que tenhamos aprendido a lição completa.
À medida que vamos vivendo percebemos que, no caminho já percorrido, tivemos acções que se revelaram acertadas, cometemos erros que agora poderemos saber evitar, e adquirimos conhecimentos que até então não possuíamos.
Mas a vida é uma experiência contínua, uma aprendizagem permanente, e nem sempre aquilo que já sabemos pode ser aplicado no caminho que temos pela frente, e nas situações que se apresentem daí em diante.
Por vezes, a vida troca-nos as voltas e, quando assim é, de nada vale a experiência adquirida perante uma visão completamente nova aos nossos olhos.
Aquilo que passámos ontem, e sabemos hoje, pode não ser suficiente nem apropriado para enfrentar o nosso amanhã!
Por isso, é importante guardar essa experiência já adquirida como uma mais-valia, mas não permitir que ela nos limite ou impeça de agir de uma forma diferente num futuro ainda por desbravar!
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Se soubesse que não iria falhar...
...casava-me!? (novamente)
Acho que qualquer pessoa, se soubesse à partida que não iria falhar, faria tudo aquilo que muitas vezes não faz ou hesita em arriscar, por não saber se irá dar certo ou não.
E, se é certo que, "estando deitados, não corremos o risco de cair, mas também não andamos para lado nenhum", que é o mesmo que dizer que, apesar de não haver certezas, mais vale arriscar e viver, do que ficarmos parados e quietinhos na nossa zona de conforto, também é certo que, por vezes, precisamos mais de segurança do que aventuras!
Se nos dá prazer viver cada momento sem saber o que dali poderá resultar, ou o que o futuro nos reserva, e ir descobrindo aos poucos, também seria bom se, uma vez por outra, nos levantassem uma pontinha do véu, se nos mostrassem uma pequena luz que nos iluminasse.
Se é verdade que é com os erros que aprendemos, e que precisamos de experimentar tudo na vida, porque só assim poderemos tirar partido desta nossa breve passagem, também é verdade que algumas vezes seria melhor saber como evitar certos acontecimentos, e seguir outro caminho.
Falhar é humano, e quase sempre vale mais tentar e falhar, do que nem sequer tentar. Digo quase sempre, porque acredito que há momentos em que é preferível fazer uma paragem. Cabe-nos a todos nós decidir!
Acho que qualquer pessoa, se soubesse à partida que não iria falhar, faria tudo aquilo que muitas vezes não faz ou hesita em arriscar, por não saber se irá dar certo ou não.
E, se é certo que, "estando deitados, não corremos o risco de cair, mas também não andamos para lado nenhum", que é o mesmo que dizer que, apesar de não haver certezas, mais vale arriscar e viver, do que ficarmos parados e quietinhos na nossa zona de conforto, também é certo que, por vezes, precisamos mais de segurança do que aventuras!
Se nos dá prazer viver cada momento sem saber o que dali poderá resultar, ou o que o futuro nos reserva, e ir descobrindo aos poucos, também seria bom se, uma vez por outra, nos levantassem uma pontinha do véu, se nos mostrassem uma pequena luz que nos iluminasse.
Se é verdade que é com os erros que aprendemos, e que precisamos de experimentar tudo na vida, porque só assim poderemos tirar partido desta nossa breve passagem, também é verdade que algumas vezes seria melhor saber como evitar certos acontecimentos, e seguir outro caminho.
Falhar é humano, e quase sempre vale mais tentar e falhar, do que nem sequer tentar. Digo quase sempre, porque acredito que há momentos em que é preferível fazer uma paragem. Cabe-nos a todos nós decidir!
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Aborto - Uma opção válida?
Juntamente com outras tantas mulheres, ela aguardava sentada, numa cadeira, em pleno corredor, a sua vez de ser chamada.
Aquela espera parecia-lhe uma eternidade e, por momentos, teve vontade de desistir, de sair dali e nunca mais voltar.
Era um ambiente pesado, de semblantes carregados. Ninguém falava com ninguém. Quanto tempo mais ficariam ali?
Nunca ela imaginara que algum dia se encontraria numa situação daquelas, mas agora era uma realidade, e só ela poderia alterar o desfecho desta história.
Tinha uma filha, com cerca de três anos, fruto de um relacionamento que culminou em casamento e cuja vinda, muito embora não tivesse sido planeada mas também não prevenida, trouxe muita felicidade aos pais!
Errar é humano, e erros qualquer ser humano comete. Este tinha sido um desses “erros”, se assim se pode chamar, mas que era muito bem vindo – afinal, era só o antecipar do futuro que ambos desejavam.
Mas agora era diferente. Tinham estado separados durante três meses, o divórcio esteve prestes a ser assinado. Contudo, o que quer que fosse que ainda sentiam um pelo outro falou mais alto, e tentaram uma nova oportunidade.
Só que, numa altura em que predominava a instabilidade emocional e a instabilidade financeira, a última coisa que precisavam era de cometer novamente o mesmo erro! No entanto, foi o que fizeram! Como ela tinha sido burra – sim, porque só pode ser essa a explicação para tal loucura. Estava grávida, e não tinha vontade nenhuma de ser mãe, de trazer outra criança ao mundo para passar o mesmo que a filha tinha passado. Além disso, ela não tinha condições. Nem tão pouco o marido lhas podia dar.
Não foi necessário pensar muito para pôr em cima da mesa a opção do aborto que, por ironia do destino, tinha sido legalizado nesse mesmo ano! Na verdade, apesar de nunca ter pensado alguma vez na vida fazer um, a verdade é que sempre tinha sido a favor do aborto e da sua legalização.
Contra a vontade do pai do bebé, mas apoiada pelos seus pais, e decidida a resolver o quanto antes a questão, até porque não tinha muito tempo até ao limite de semanas permitido, avançou com o processo.
Primeiro, uma consulta com a médica de família, que a encaminhou para um hospital público que, por sua vez, a encaminhou para uma clínica privada. Fez por sua conta uma ecografia, que lhe seria pedida mais tarde. E aguardou que lhe marcassem o dia para comparecer na clínica.
Só que não foi exactamente como ela tinha pensado. A primeira informação que lhe deram, quase fê-la dar meia volta e esquecer o motivo que a tinha levado ali. Não se faziam abortos com comprimidos, apenas por cirurgia, que consistia em “aspirar” o bebé, numa fracção de segundos, sem dor e sempre assistida por profissionais. E ela nunca tinha pensado nessa hipótese. Sempre teve em mente que lhe iam dar uns comprimidos e que o resto aconteceria em casa. Uma cirurgia…isso não era de todo o que tinha imaginado. Assustava-a.
Mas o seu pai estava com ela, e nem mesmo quando, por acaso, ouviu outra mulher já de saída comentar que sentia um vazio muito grande, e observar o estado físico e psicológico em que se encontrava, ele a deixou desistir.
E, assim, estava ela agora sentada com outras mulheres em situações similares, cada uma com o seu motivo, umas mais novas, outras mais velhas, mas todas com um objectivo comum.
Era, de facto, surpreendente a quantidade de mulheres que naquelas horas ali compareceram.
Chamadas por grupos, tinham que passar por diversas fases – uma primeira conversa com o médico, análises, ecografia, consulta de psicologia, e voltar novamente ao médico, que marcaria então o dia, a todas as que mantivessem a sua decisão.
Quando finalmente saiu da clínica, respirou de alívio – alívio por sair daquele ambiente onde esteve fechada tantas horas, e porque estava cada vez mais perto do final.
Dia 14 de Novembro compareceu novamente na clínica acompanhada, desta vez, pelo marido que, mesmo condenando aquela decisão e, provavelmente, contrariado, acedeu a levá-la e trazê-la de volta de carro, em vez de ela ir de transportes públicos.
Novamente à espera, chamaram-na para o vestiário com mais duas ou três mulheres. Já preparadas, levaram-nas para o bloco operatório onde lhes foi aplicada a anestesia. Ela tinha optado pela anestesia geral – assim não daria por nada. E quando acordasse, já estava!
E assim foi. Uns minutos depois, acordou já numa outra sala, de recobro, como se nada tivesse acontecido. Mais um tempo em observação, uma nova consulta de psicologia, um saquinho com antibiótico e anti-inflamatório, e tinha acabado o pesadelo.
Sim, foi essa a sensação que ela teve – novamente, alívio! Como se lhe tivessem tirado um peso das costas. Como se tivesse, desta forma, remediado o erro que tinha cometido.
Era a única solução possível naquela altura, disso não tinha a menor dúvida. Tinha feito o melhor para todos.
Não sei como se sentem as mulheres depois de abortarem – acredito que muitas entrem em depressão, que fiquem tristes, que se sintam culpadas, arrependidas…
Mas ela não – nunca se arrependeu, nunca se sentiu culpada, nunca se deixou abater, e seguiu a sua vida!
Hoje, engravidar não está fora dos seus planos, mas só se a sua vida e as condições o permitirem, porque errar uma terceira vez seria pura burrice, e aborto é uma opção que não se colocaria novamente.
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