Muitas vezes guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, pequenos textos que escrevemos e ficaram arrumados numa gaveta fechada...


Eu decidi abrir essas gavetas, e o resultado é este blog!




How many times we keep things for our own – opinions, feelings, ideias, moods, reflections, some little texts we wrote and put on a closed drawer…

Now I have decided to open those drawers, and this is the result!



Mostrar mensagens com a etiqueta pais. Mostrar todas as mensagens
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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Geração Depositrão

 

Se, até há bem pouco tempo, se ouvia falar do Electrão, agora surge-nos um novo movimento ecológico designado por “Geração Depositrão”!
A finalidade é a mesma – recolha de pequenos electrodomésticos em fim de vida, para reciclagem de resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos (REEE), e de pilhas e acumuladores (P&A).
Este movimento, promovido pela ERP Portugal (Entidade Gestora de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos de Portugal), está de volta com a sua 4ª edição, que arrancou a 1 de Fevereiro.
Envolvendo mais de 600 escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico, as chamadas “Eco-Escolas”, dos 18 distritos do país, esta iniciativa tem como objectivos introduzir o tema no programa escolar, através de diversas actividades e trabalhos lançados a alunos e professores, e despertar as crianças para a necessidade e importância da reciclagem destes resíduos.
Ao mesmo tempo, essas crianças levam a mensagem aos pais, que acabam por ser os grandes consumidores/ utilizadores dos equipamentos!
Com a colocação de um contentor – Depositrão – em cada escola aderente, esta acaba por fornecer informação, sensibilizar a comunidade envolvente, e motivar a entrega e o correcto depósito dos pequenos electrodomésticos, transformando-se num ponto de recolha.
No concelho de Mafra, a EB 1 da Ericeira acolheu o lançamento desta 4ª edição, reforçando assim o número de escolas a abraçar o projecto!

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O que seria de mim sem os meus pais

Literalmente! Se eles não me tivessem feito, hoje não estaria cá, e não poderia aqui escrever!
Mas não é só por isso que esta frase faz sentido. É por tudo o que eles sempre fizeram e ainda fazem, e por tudo o que significam para mim!
Algumas vezes chegam-me aos ouvidos histórias de filhos que não querem saber dos pais, que os maltratam, que fingem que eles não existem, ou só aparecem quando é para proveito próprio, que acham que os pais têm a obrigação disto e daquilo.
O contrário também acontece - por vezes são os pais que tratam os filhos como estranhos, que beneficiam uns em detrimento de outros, que os abandonam, ou simplesmente não estão preocupados com o seu destino e a sua vida.
Quando oiço e assisto a estas realidades, não consigo evitar ficar decepcionada com o estado a que a nossa sociedade está a chegar!
Felizmente, tanto eu como o meu irmão, damo-nos lindamente com os nossos pais, e vice-versa, como uma verdadeira família unida!
Que posso dizer...tenho os melhores pais que alguma vez poderia desejar! E só me posso sentir feliz e grata por isso!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Anda tudo doido?

http://www.youtube.com/watch?v=iORoPWwtM2s&feature=player_embedded

Enquanto lamentamos as mortes, causadas pela vaga de frio, na Ucrânia e na Polónia, alguém decide obrigar o filho a andar semi-nu pelas ruas de Nova Iorque, cobertas de neve, para "reforçar" o seu carácter e a sua saúde! Andará tudo doido?

Um pouco por toda a Europa, principalmente no centro e leste, o frio parece não dar tréguas às populações, sendo a Ucrânia um dos países mais afectados, embora esta camada de ar polar se espalhe igualmente por outros países como a Bósnia, a Sérvia, a Hungria, a Bulgária, a Itália, a França ou a Suiça. Até mesmo em Portugal, estamos a sentir os seus efeitos.
E depois ficamos estupefactos quando somos confrontados com notícias como esta: a colocação, na Internet, de um vídeo que mostra um menino de quatro anos, forçado pelos pais a correr semi-nu (apenas cuecas e um par de ténis), pelas ruas cheias de neve, em Nova Iorque.
A justificação para tal acto é, no mínimo, bizarra - "a extrema necessidade de reforçar o caráter e a saúde do seu filho"!
Apesar de chorar e tiritar de frio, enquanto percorre as calçadas cobertas de neve, e de pedir colo aos pais, estes parecem imunes à sua súplica. Pelo contrário, até o incentivam a deitar-se sobre a neve. Afinal, parece que desde muito pequeno foi submetido a um duro treino que fortalecesse a sua saúde, uma vez que tinha nascido prematuro. Como tal, esta seria apenas mais uma etapa desse rigoroso treino.
Eu só me pergunto, depois de ter assistido a estas duas realidades tão distintas, se andará tudo doido?!
Será uma questão de frieza, ou terá sido a corrente polar a gelar o cérebro, e o coração, de tais pessoas?...

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Mãe - eu quero um telemóvel!




Aposto que foi um dos presentes solicitados no passado Natal!
As crianças de hoje crescem em convívio directo com as mais variadas tecnologias, entre as quais o telemóvel.
Para os adultos, é uma ferramenta cada vez mais fundamental.
O telefone portátil, cuja intenção inicial era ser usado para comunicar, funciona como uma espécie de “cordão umbilical”, que os liga aos familiares, aos amigos, ao trabalho, e ao mundo.
Através das várias funcionalidades, que lhe foram adicionando ao longo dos anos, acaba por adquirir também um estatuto de acessório estético, com o mundo dentro – telefone, internet, máquina de filmar, máquina fotográfica, rádio, tv, agenda, e-mail, jogos, GPS, calculadora.
Serve de companhia, dá a sensação de segurança, organização e coordenação do dia-a-dia.
Não é, pois, de admirar, que também as crianças se sintam fascinadas por estes “brinquedos”, que muitas vezes conhecem melhor que os próprios pais!
E se é tão fácil os adultos criarem uma “dependência psicológica”, para as crianças não é diferente!
A minha filha recebeu de presente do pai, neste Natal, o tão desejado telemóvel, que há muito pedia.
As “dores de cabeça” não tardaram a surgir: desde quase não dormir, na primeira noite em que o teve na mão, para mandar mensagens à mãe, a passar o tempo a jogar ou a tirar fotos em vez de se despachar e fazer as tarefas prioritárias, já foram vários os motivos que me levaram a chamá-la à atenção.
Embora muitos pais se sirvam dele como forma de distrair ou entreter os filhos, convém que a relação destes com o telemóvel não se torne obsessiva. Cabe aos pais estarem atentos e moderarem o seu uso no dia-a-dia, impondo algumas regras, se necessário for.
O telemóvel não tem que ser um inimigo, basta que o saibamos utilizar e ensinar a utilizar!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quando os filhos têm vergonha dos pais



Depois de algumas horas fechados na sala de aula, chega finalmente a hora do recreio!
Os rapazes vão jogar à bola, enquanto as raparigas se juntam em grupinhos, a conversar ou a brincar com aquelas coisas que trouxeram de casa.
Observo com mais atenção, e descubro uma menina sentada num banquinho, afastada das outras crianças, a comer o seu lanche que a mãe, carinhosamente, lhe preparou.
Vejo no seu olhar, e na sua expressão, que está triste. Ela gostava de estar com as outras meninas. Mas as outras meninas não querem estar com ela.
Afinal, porque haveriam de a incluir naquele grupo de amizades? Quem é ela?
Ela é, apenas, a filha daquele homem que trabalha todos os dias para poder alimentar e dar o que pode à sua família, daquela mulher que, quando não está a trabalhar, fica em casa com os seus filhos, e vai levá-los e buscá-los à escola naquele velho Renault Clio que, provavelmente, não se importariam de trocar por outro mais novo, houvesse dinheiro para tal. Mas não há, e afinal de contas, é preferível ter aquele do que não ter nenhum.
Ela é, apenas, uma menina que não veste roupa de marcas famosas. Certamente, muitas das suas roupas nem novas são – foram dadas por outras pessoas a cujos filhos já não serviam. Embora os pais lhe possam comprar uma ou outra peça naquelas lojas mais baratinhas, ou numa qualquer feira.
Num meio onde vivem, em maioria, crianças filhas de pais ricos, com dinheiro, donos disto e daquilo, não é fácil ser pobre, não usar roupas de marca, andar num carro velho, e não ter brinquedos de última geração!
Aquela menina, é uma menina a quem os colegas põem de parte, por todos esses motivos Uma menina que todos os dias ouve os colegas chamarem-lhe as mais variadas coisas, que todos os dias é insultada e enxovalhada.
É uma menina triste e solitária, que só desejava ter amigas como qualquer outra criança, que só desejava brincar e ser aceite pelos colegas, que só desejava não ser discriminada pelas condições de vida que os pais lhe podem proporcionar…
Uma menina que, como qualquer ser humano, tem sentimentos…
E pergunto-me? Será a pobreza motivo para ter vergonha dos pais? Será uma justificação válida para tal?
Ou deve, pelo contrário, ser um motivo de orgulho para os filhos, saber que tudo o que têm, nem sempre muito, foi conseguido com muitos sacrifícios, esforço e dedicação dos seus pais, para que nunca lhes faltasse o essencial?
Não nos devemos sentir gratos quando, por exemplo, uma mãe abandonada pelo companheiro ainda grávida, cria a seu filho sozinha, trabalhando de sol a sol, muitas vezes passando fome para que não falte alimento ao filho, juntando todo o pouco dinheiro que conseguiu na sua vida para pagar os estudos ao filho e vê-lo formado em medicina?
É triste quando esse filho não reconhece tudo o que foi feito por ele, quando esse filho tem vergonha da própria mãe, quando finge não a conhecer e mente a todos sobre a sua família, quando esse filho só pensa no seu próprio bem-estar e comodidade, quando esse filho tem nojo da comida que a mãe, dentro das suas possibilidades, lhe pode pôr no prato, quando esse filho tem vergonha da casa pobre onde vive, não percebendo que ter um tecto para o acolher e abrigar, já é uma bênção.
Esse sim, é um bom motivo para se ter vergonha – não da pobreza material dos pais, mas da pobreza de valores morais de filhos!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Corrupio das Manhãs

                     Crianças - Para a escola 3               

Todos os dias a história se repete: acordo ao som do meu querido despertador, levanto-me (ao fim de alguns minutos a mentalizar-me para tal), e começo a minha rotina matinal!
Com algumas tarefas já adiantadas, espreito para o relógio de parede, por cima da mesa da cozinha - são 7h30m! Está na hora de acordar a minha filhota!
Tal como eu, ainda cheia de sono e tão bem aconchegada, na cama quentinha, que a última coisa que lhe apetecia era de lá sair!
Sempre com o tempo contado ao segundo, saímos finalmente de casa, iniciando a nossa caminhada até à escola.
E como sabem bem esses 20 minutos, em que efectivamente disponho de tempo para conversar com a minha filha!
É certo que preferia uma escola mais próxima de casa, pelo menos naqueles dias em que está frio ou chuva, já que não tenho carro, e autocarros àquela hora não existem. A própria escola só oferece transporte para quem more a mais de 4 quilómetros (não é o caso), e para pagar a uma carrinha, sai dispendioso.
Mas é com imenso prazer e satisfação que a acompanho até ao portão da escola, naquele a que já apelidei de “nosso momento do dia”!
Por entre mães (e pais) que, tal como eu, levam os filhos pela mão, a enorme quantidade de carros que por nós passam e, a muito custo, param nas passadeiras para que possamos atravessar para o outro lado da estrada, outros tantos que tentam estacionar, sair ou entrar do café, ou das empresas e fábricas pelas quais temos que, obrigatoriamente, passar, chegamos finalmente ao destino!
Tentamos visualizar algumas colegas dela no ponto de encontro e, entregando-lhe a mochila, despeço-me com um beijinho e o desejo de que o dia lhe corra da melhor forma!
Ainda fico, por breves instantes, a observá-la do lado de fora do gradeamento, tentando certificar-me de que ficou “bem entregue”!
Sigo então, no sentido inverso, cruzando-me com outras pessoas que ainda vão a caminho da escola, aventurando-me no que mais me parece um “labirinto”, tais são as voltas e manobras que tenho que dar e fazer, no meio de toda aquela confusão, que se gera devido à proximidade de quase todas as escolas da vila!
Até que, já longe daquele corrupio, chego ao meu trabalho, já cansada, confesso, mas feliz e agradecida por aquele pequeno momento que, com a mudança de horário neste ano lectivo, a escola me proporcionou!
Amanhã há mais!

Every day history repeats itself: I wake up with the sound of my beloved clock, get up (after a few minutes to psych me for that), and start my morning routine.
With some tasks already well advanced, I peek into the wall clock above the kitchen table - it is 7:30 am! It's time to wake up my baby!
Like me, still full of sleep and so well nestled in the warm bed, the last thing she wanted was to get out of there!
Always with the time counted by second, we finally left home starting our walk to school. And how good these 20 minutes are to me, I actually have the time to talk to my daughter!
It is true that I preferred a nearest school, at least on those days when it's cold or rain, since I have no car, and there are no buses at that hour. The school only offers transportation for those who live more than 4 kilometers (not applicable), and to pay for a van is too expensive.
But it is with great pleasure and satisfaction that I accompany her to the school gate, that we have already dubbed "our time of day"!
Among mothers (and fathers) who, like me, take their children by the hand, the huge amount of cars that pass by us and, with no will, stop at crossings so that we can cross to the other side of the road, as many trying to park, leave or enter the cafe, or the companies and factories, in which we must necessarily pass, we come finally to the destination!
We try to visualize some of her colleagues at the meeting and, handing her the bag, I say farewell with a kiss and wish that the day will run the best!
I still get, briefly, to watch her from outside the railing, trying to make sure that she is "in good hands"!
Then I follow, in reverse, crossing myself with other people who still go on their way to school, venturing on what I call "labyrinth", such are the twists and tricks that I have to give in the midst of whole mess, which is generated due the proximity of almost all schools in the village!
Now, away from that hustle, I get to my work, weary, I confess, but happy and thankful for that little moment!
Tomorrow there's more! 

domingo, 30 de outubro de 2011

Vida de mãe de estudante!

Uma das coisas que a professora da minha filha perguntou aos pais, na primeira reunião do 1º ano, com direito a votação, foi se concordávamos que os nossos filhos levassem trabalhos de casa ou se éramos contra.
Por maioria, com a promessa de que seriam apenas os necessários e sem sobrecarregar as crianças, ficou decidido que seriam brindados com os amigos TPC's!
Com uma ou outra excepção, quase todos os dias a Inês trazia fichas para fazer. E de todas as vezes que isso acontecia, poucas eram as ocasiões em que ela as fazia em casa dos avós. Normalmente, saía da escola, ia passear com o avô para não deixar a avó com os cabelos em pé, e esperava que a mãe chegasse a casa já perto das 20h, para então se dedicar à sua tarefa.
Já para não falar que, nos períodos de férias, a professora dava uma folga ao seu papel de "má da fita", e transferia-o para os pais - ficávamos nós encarregues de lhes dar trabalhos.
Assim se passou o primeiro ano, comigo sempre em cima da minha filha, a tentar que ela desse o melhor e fizesse o melhor que conseguia, a lutar para que ela nas férias de verão não se esquecesse do que tinha aprendido até aí...
E cá estamos as duas no 2º ano, de regresso aos queridos trabalhos de casa que cada vez demoram mais tempo a ser feitos...Depois de acordar de manhã uma hora mais cedo do que o ano passado, e de passar o dia todo na escola, é mais que normal que no pouco tempo que tem livre até eu a ir buscar, aproveite para brincar. E é ainda mais natural que às 20h a vontade dela seja jantar, e estarmos um bocadinho juntas, sem o stress dos trabalhos para fazer, antes de se render ao sono e adormecer. A verdade é que se a ela lhe falta vontade, aplicação e empenho, a mim confesso que muitas vezes me falta a paciência para estar sempre a repetir "Inês, faz os trabalhos!", "Inês, despacha-te", "Inês, toma atenção ao que estás a fazer!".
E assim se transforma um fim de dia que até poderia terminar de forma agradável, num verdadeiro tormento para as duas.
Como diz o psicólogo Pedro Caldeira "as crianças devem ter tempo para si – para brincar e fazer o que bem entenderem quando estão fora do ambiente escolar".
E eu acrescento, também os pais deveriam ter tempo para estar com os filhos, brincar e conversar sobre outras coisas, depois de um dia esgotante de trabalho e das muitas tarefas domésticas que todos os dias nos esperam em casa.
Ser estudante não é fácil...mas ser mãe de estudante também não!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um dia chega a nossa vez

Apesar da dura realidade que enfrentamos, e das más notícias que nos chegam todos os dias ao ouvido, não podemos desmoralizar, deixarmo-nos vencer pelo negativismo e desistir.
Eu sei que não é fácil ver os dias, os meses, e por vezes até mesmo os anos a passarem, sem que tenhamos conseguido encontrar um trabalho.
Aos meus quinze anos, na idade em que me apetecia comprar uma infinidade de coisas e não podia, porque os meus pais não tinham dinheiro para os meus devaneios, meti na cabeça que queria deixar de estudar e ir trabalhar! Como se com essa idade, alguém me desse trabalho!
Claro que os meus pais não foram na conversa, e foi aí que mostrei pela primeira vez a minha rebeldia de adolescente. Lembro-me de ter chorado "baba e ranho", de ter pronunciado uns quantos disparates e palavras nada bonitas de se ouvir contra os meus pais - literalmente, fiz birra!
Escusado será dizer que de nada me serviu, porque fui obrigada a terminar o 12º ano.
Como hoje os compreendo! Os pais sabem sempre (ou quase sempre) o que é melhor para os filhos, e aqui estavam totalmente certos.
Eu tinha que estudar, tinha que pelo menos completar o 12º ano, porque isso ser-me-ia útil mais tarde, quando me propusesse a entrar no mercado de trabalho.
E assim foi - com 18 aninhos e uma média de 17, tive direito ao valioso (ou nem por isso) certificado de habilitações. Inscrevi-me no Centro de Emprego da minha zona e esperei que a sorte me batesse à porta, já que não havia ninguém a precisar de empregada nos arredores.
Era muitas vezes chamada pelo Centro de Emprego para ir a entrevistas. Além de ter que me deslocar à sede, a mais de 40 quilómetros, quando lá chegava percebia que para uma única vaga, concorriam uns 20 candidatos!
O mais engraçado é que, chegados aos respectivos locais, éramos informados que já não precisavam de ninguém! Outros então, nem sabiam porque nos tinham mandado lá!
Quantas vezes me perguntei para que servia afinal o Centro de Emprego? Quantas vezes tem afixados anúncios de empregos, quando há tantas pessoas à espera de serem chamadas sem sucesso?
Outra coisa que me fazia imensa confusão e me revoltava, era em todos os anúncios de emprego pedirem experiência. Ora, se nunca me dessem a oportunidade de trabalhar pela primeira vez, como poderia algum dia ter experiência?
Durante um ano, estive 15 dias numa fábrica de estofos para carros, em que a minha função consistia em desenhar os moldes nas peles e cortar. Mas era óbvio que naquela pequena empresa familiar, não havia lugar para estranhos, e tanto a mim como à minha cunhada, trataram de nos pôr a andar, além de ter sido difícil receber o pagamento desses poucos dias.
Também experimentei um dia como armazenista, ao fim do qual não me conseguia mexer de tão dorida que estava de arrumar caixotes! Igualmente por um dia, fui empregada de balcão numa pastelaria. Mas nada disso me satisfazia, e esperei por algo que realmente gostasse.
Numa das minhas deslocações a uma perfumaria, em vésperas de Natal, enviada pelo meu querido Centro de Emprego, fiquei a saber que o anúncio já tinha passado da validade. Mas como havia bastante movimento, ainda me propuseram ficar lá o resto do dia, a fazer embrulhos e laçarotes! Pelo menos ganhei qualquer coisita e ainda me deram umas amostras de perfume!
Foi então que o Instituto do Emprego e Formação Profissional me convocou para tirar um Curso de Práticas Administrativas, remunerado, com a duração de ano e meio. Fiz testes psicotécnicos, entrevistas e exames médicos de selecção, e consegui entrar.
Tínhamos várias disciplinas como a Informática, Inglês, Direito, Práticas Administrativas ou Contabilidade. Em Contabilidade aconteceu uma coisa muito engraçada - fizemos um teste e a formadora deu-me 20! O  meu primeiro 20! Só que os superiores cairam-lhe em cima e pressionaram-na a baixar a nota porque segundo eles "dar um 20 a um formando é o mesmo que dizer que ele sabe tanto como a formadora"!
Mas adiante, ao fim de um ano de curso teórico, veio a fase do estágio. Por ironia do destino, fui eu que elaborei uma lista com várias possíveis empresas para cada um de nós, e por sorteio, calhou-me logo a que não oferecia perspectivas de emprego no futuro.
Foi uma grande frustração andar mais de um mês a arquivar facturas e recibos, para me entreter, sem poder pôr em prática nada do que aprendi, e sabendo que terminado o estágio, voltava à estaca zero, ao contrário de alguns colegas meus, que ficaram nas empresas que lhes couberam. Mais um diploma para arrumar na gaveta.
E mais um ano em que me valeu as repetidas inscrições nos tempos livres da Câmara Municipal, já que a minha candidatura ao concurso público não deu frutos (já sabiam de antemão quem lá iam pôr dentro). Um mês na secção de Contencioso e outro na secção de Contabilidade, 3 horas por dia. Depois 2 meses de pausa (não podiam ser seguidos). Os seguintes foram passados entre a secção de Recursos Humanos e a Biblioteca, onde adorei estar! A terceira temporada começou na Biblioteca e terminou antecipadamente no Museu. Por intermédio da minha tia, que conhecia o pai do rapaz que ia abrir uma loja de animais, ou seja, com uma "cunha" consegui ficar com o cargo de empregada na dita loja.
Estava super contente porque finalmente ia trabalhar a sério. Tive formação durante uma tarde sobre os vários produtos para peixinhos, sobre aquários e outras coisas mais.
Mas como se costuma dizer, ou não aparece nada, ou aparece tudo, e nessa mesma tarde recebi um telefonema de um advogado que precisava de uma secretária, a perguntar se estava interessada.
Ainda um pouco admirada, porque não me lembrava de ter enviado o meu curriculum para esse advogado, fui à entrevista. Afinal tinha sido a advogada onde o meu patrão tinha estagiado, que lhe deu o meu contacto (eu tinha lá deixado o meu curriculum uns meses antes).
Expliquei-lhe que tinha outro trabalho em vista mas que, se me oferecesse as mesmas condições, aceitava.
E aqui continuo eu, há já 11 anos! E sem "cunhas"! Foi o melhor que fiz porque a dita loja de animais, nem 3 meses sobreviveu, tal como todos os animais que lá se encontravam!
Por isso, pensamento positivo e esgotem todas as possibilidades, por mais remotas que possam parecer, porque um dia chegará a vossa vez!

sábado, 15 de outubro de 2011

Pais demitem-se!

Que bem que nos sabe de vez em quando despirmos o papel de mãe e pai e vestirmos o papel de mulher e homem!
Aquele tempinho que os nossos filhos estão em casa dos avós, a brincar com coleguinhas, ou vão passar um fim de semana fora, é um pequeno grande presente para nós – finalmente vamos poder descansar, cuidar de nós, namorar…
Então quando os nossos filhos se lembram de nos pôr os cabelos em pé e os nervos em franja, até temos vontade de os mandar mais depressa numa dessas viagens turísticas espaciais para Marte, por tempo indeterminado!
Claro está que, ao fim de pouco tempo, já estamos cheios de saudades deles e a querê-los de volta debaixo da nossa asa.
A minha relação com a minha filha, por exemplo, teve os seus maus momentos, e confesso que nessa ocasião, estive muito perto de lhe fazer a vontade e despachá-la de malas aviadas para casa do pai!
Mas depois pensei que era meu dever dar a volta por cima e agir como mãe, e mostrar-lhe que ainda teria que crescer muito para medir forças comigo, e conseguir destabilizar-me.
É verdade que dá trabalho, sim, é preciso muito jogo de cintura, muita paciência, muita determinação, mas já deveríamos saber que criar e educar um filho não era uma tarefa fácil.
Eu por exemplo, quando engravidei, pensei “e agora, será que vou ser uma boa mãe?”. Na verdade não me sentia minimamente preparada para tal papel, mas hoje, passados quase oito anos, com alguns tropeções pelo caminho e alguns erros cometidos, não deixo de sentir a sensação de que até aqui, estou a dar conta do recado!
Acredito que muitos tempos difíceis ainda estão por vir, que até agora foi apenas o período experimental. Ainda assim, estou cá para o que tiver que ser.
Mas a verdade é que, nos últimos tempos, têm surgido cada vez mais casos de pais que se demitem das suas funções.
Segundo Teresa Espírito Santo, presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Lisboa/ Centro, nos últimos meses surgiram casos de pais que se demitiram completamente das responsabilidades dos seus filhos, e vão determinados a que seja a comissão a acolhê-los.
Os motivos são vários – desde pais que não conseguem impor regras e limites aos filhos, principalmente na adolescência, aos que têm carências financeiras e acham que o Estado tem o dever de assumir a responsabilidade.
E há ainda quem se sirva da comissão como um meio para atingir um fim, ou seja, progenitores que se acusam mutuamente de não cuidarem dos filhos, ou que pretendem levar o tribunal a rever as condições da guarda das crianças, no caso de pais separados.
Ricardo Carvalho, secretário executivo da CPCJ, reconhece que existem cada vez mais pais a utilizarem as comissões para obter o que não conseguem nas decisões judiciais.
Felizmente, ou infelizmente, este é um cenário que em nada me espanta, porque sempre existiu.
Quantos pais conhecemos que, por não terem condições financeiras, entregaram os filhos em instituições, ou para adopção?
Quantas crianças não foram deixadas com os avós, porque os pais não sabem o que é a responsabilidade de criar um filho?
Quantas mães abandonam os filhos? Quantos pais deixam as mulheres com filhos sozinhas nessa tarefa?
A novidade é que agora os pais têm mais uma porta à qual podem bater, sempre que quiserem entregar “a carta de demissão”, do cargo a que eles próprios se autopromoveram!