Muitas vezes guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, pequenos textos que escrevemos e ficaram arrumados numa gaveta fechada...


Eu decidi abrir essas gavetas, e o resultado é este blog!




How many times we keep things for our own – opinions, feelings, ideias, moods, reflections, some little texts we wrote and put on a closed drawer…

Now I have decided to open those drawers, and this is the result!



Mostrar mensagens com a etiqueta realidade. Mostrar todas as mensagens
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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Viagem ao mundo da Barbie

 

“Chamo-me Barbara Millicent Roberts, mais conhecida por Barbie, e nasci a 9 de Março de 1959. Filha de Ruth e Elliot Handler, vim ao mundo já adolescente e tenho, até hoje, sobrevivido com sucesso ao passar dos anos, juntamente com o meu namorado Ken, e toda a minha família e amigos, que fiz ao longo de todo este tempo.
Acompanhando sempre a época, tanto no vestuário como no corte de cabelo, sempre vivi no mundo da moda, sendo a primeira a ser maquilhada e a receber acessórios.
A minha influência, nos dias de hoje, é visível e marcante, ao ponto de existirem comparações e apelidarem de Barbie alguém que, como eu, é loira ou se veste de rosa. Digamos que criei um padrão de beleza, valorizando a preocupação com a estética, e não é raro muitas meninas e adolescentes se quererem parecer comigo.
Mas gostava, acima de tudo, que me vissem como uma mulher inteligente, amiga, companheira, meiga e politicamente correcta!”

Na verdade, cada vez que oiço uma pessoa apelidar alguém de Barbie, o primeiro pensamento que me ocorre é o da “típica loira, burra, e fútil”, que só pensa em moda e pouco mais!
Mas, depois de ter visto todos os DVD´s de desenhos animados da Barbie, percebi que ela pode ter uma influência muito mais importante e valiosa sobre as adolescentes e mulheres.
Em cada filme, há uma mensagem – uma moral da história, um pensamento, um ensinamento, que nos mostra que existem valores e sentimentos preciosos que nunca devem deixar de existir dentro de nós.
A importância da verdadeira amizade, do verdadeiro amor, da liberdade, do nosso próprio valor, da confiança, da coragem…
Lembro-me de uma conversa que me marcou neste último filme, e que dizia respeito ao que era necessário para se ser um princesa – “não é uma coroa que faz de ti uma princesa”. A escola pode, através de aulas de etiqueta, de boas maneiras, de dança e outras, estimular a confiança. Mas confiança sem carácter de nada vale. Muitas alunas aqui têm confiança, mas falta-lhes carácter! (e aqui não pude deixar de pensar que provavelmente é o que acontece com os políticos!) Tu tens carácter, mas falta-te confiança, dizia ela à Barbie.
Por isso, por muito disparatado que possam achar uma mulher de 32 anos adorar filmes da Barbie, é a mais pura verdade, e não tenho vergonha de o dizer.
Pode até ter, e tem, muita fantasia. Mas tem também um fundo de realidade e aposto que se virmos bem, existe um pouco de nós em alguma das suas diversas personagens, existe um pouco da nossa vida em alguma das suas histórias!
Algo de bom que delas podemos retirar, e transportar para o nosso mundo!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Em busca de objectivos


A maioria das pessoas desiste de sonhar, e de lutar, porque pensa que o sonho apenas conduz à desilusão. A partir daí, agarram-se ao concreto, àquilo que conhecem (mesmo que não as satisfaça), e acomodam-se, entrando num estado de profunda apatia, de desistência, tornando-se uma espécie de zombies…”

Quantas vezes desejamos ter esta ou aquela coisa, sonhamos ser isto ou aquilo, e nos lamentamos por ainda não o termos conseguido.
É nessa altura que nos dizem “em vez de pensares no que não tens, e te lamentares por isso, dá antes valor ao que possuis, ao que já atingiste, ao que já conseguiste”!
Concordo plenamente, que devemos dar valor ao que temos e conseguimos, em vez de pensarmos e lamentarmos o que não temos.
Por outro lado, dizem-nos que não nos devemos acomodar, e deixarmo-nos ficar por aquilo que temos.
Pelo contrário, é imprescindível ter objectivos para concretizar, metas para atingir, de forma a alcançarmos tudo aquilo que ainda não temos e tantas vezes sonhamos (embora nos digam para não pensar tanto nisso, porque afinal já temos o que temos!).
E que objectivos são esses que devemos ter? Que precisamos de ter? E onde procurá-los? Onde encontrá-los?
Dentro de nós próprios, evidentemente! Então, e se eu simplesmente não tiver nenhum objectivo? Será que não tenho mesmo? Se tenho, não os consigo descobrir…
Ou até talvez tenha encontrado alguns, mas com eles vem a certeza de que não vale a pena alimentá-los, porque sem dinheiro, não há concretização possível.
Que sonhos, que objectivos procuramos geralmente realizar?
- Estudar e/ ou tirar um determinado curso, licenciatura, mestrado, bacharelato;
- Arranjar um trabalho;
- Comprar uma casa própria;
- Casar com a pessoa que ama (depois de a encontrar);
- Ter filhos;
- Viajar;
- Praticar alguma actividade ou hobbie;
- Tirar a carta de condução;
- Comprar um carro;
- Fazer uma dieta;
- Deixar de fumar;
- Morar sozinho, deixar a casa dos pais;
- Cortar com determinado vício…


Ora, eu não me revejo em nenhum destes objectivos – fiz o 12º ano porque não quis estudar mais (nem vontade tenho de o voltar a fazer), encontrei um trabalho onde estou há 11 anos (não é propriamente o trabalho de sonho, mas estou efectiva, pagam-me, e não trabalho aos fins de semana, como sempre desejei), casei, divorciei-me, tenho uma filha, moro com ela numa casa alugada (porque não tenho intenção de comprar uma), nunca quis tirar a carta de condução porque não me imagino sequer a conduzir, e ter um carro não está dentro das minhas possibilidades financeiras, não tenho vícios, não preciso de dietas, tenho o namorado que desejei, não tenho tempo para actividades extra (até para poder estar um pouco sozinha quase tenho que pedir licença)…
Viajar, já foi um sonho e, consequentemente, um objectivo. Neste momento, não me entusiasma tanto, e ainda que assim fosse, não há dinheiro!
Se se pode considerar um objectivo, gostava de ir este ano ver o espectáculo ALEGRIA, do Cirque du Soleil. Mas, também para isso, não há dinheiro.
Gostava de criar uma instituição de solidariedade social e, claro está, ainda menos dinheiro há.
Ou seja, não há nada que eu neste momento consiga identificar como objectivo para a minha vida. Isso significa que estou a viver ao “sabor da maré”, caminhando para onde a vida me leva. Em vez de levá-la eu para onde quero.
Se me perguntarem “mas tu não sonhas”? Claro que sonho! Mas de que adianta sonhar se, como alguém disse, esses sonhos, “só levam a desilusões”? É por isso que, qualquer que seja a ideia que, eventualmente surja, ou me apresentem, nem sequer chega a florescer – é cortada de imediato, rejeitada naquele preciso momento.
Em vez disso, agarro-me ao que tenho, à minha morna realidade, à minha vidinha de sempre, ao marasmo e à monotonia que a caracteriza.
E, se é verdade que muitas vezes nem penso nisso e consigo viver bons momentos dentro dessa realidade, também é verdade que há dias em que percebo o rumo, ou a falta dele, que estou a dar à minha vida. Não me sinto totalmente satisfeita, a apatia instala-se e sinto-me, de facto, uma zombie.
Se é triste? É! Mas se é angustiante parar, pensar e perceber que não tenho objectivos, e que, por isso mesmo, estou insatisfeita e não sou completamente feliz, mais angustiante é obrigar-me a uma busca interior, tentando encontrar objectivos que eu sei que neste momento não existem, como se disso dependesse toda a minha felicidade.
O objectivo principal é o meu bem-estar, e esta demanda não é, de todo, algo que me deixe mais animada e feliz.
Afinal, se e quando tiver objectivos, estes irão surgir por si mesmos e, nessa altura, eu estarei apta a identificá-los. A partir daí, restará saber o que fazer com eles…

domingo, 18 de dezembro de 2011

Sonhos – Entre o devaneio e a realidade

“Nós podemos chegar até onde podemos avistar”


 

Será?
Até onde poderemos nós realmente chegar? Até onde avistamos? Além do que avistamos? Ou nem sempre até onde avistamos?
Claro que, à medida que nos vamos aproximando do ponto que avistámos e da meta que traçámos, conseguimos avistar um pouco mais, logo o que seria o “além do que avistamos, passa a ser o que actualmente avistamos. E dessa forma, a frase tem lógica.
Mas, o que significa, exactamente, o que avistamos? Será o sonho, será a realidade?
Viver de quimeras e ilusões não nos leva, de facto, a lado nenhum. Contudo, não serão, em parte, os sonhos a base do que muitas vezes, nas nossas vidas, se transforma em realidade? Também é certo que viver apenas ligado ao concreto e à realidade que nos envolve, pode ser bastante limitador e desmotivante.
Talvez seja necessário encontrar um equilíbrio, uma vez que é fundamental, e faz parte da nossa evolução, sonharmos.
É esse sonho que, em seguida, poderemos ou não colocar em prática. Não com um plano baseado em fantasia, mas com um que se encaixe na nossa realidade.
Por vezes, os planos falham. Talvez tenhamos que elaborar um novo, e voltar a tentar.
Porquê?
Porque, ao não desistirmos de sonhar, e de lutar, mesmo que esse sonho não seja o nosso futuro, sempre aprenderemos alguma coisa.
E, quem sabe, durante esse processo tão dinâmico e transformador, não encontramos o verdadeiro caminho…

sábado, 26 de novembro de 2011

Sonho de uma tarde de Outono - An autumn afternoon dream

Apetecia-me passear contigo ao longo da praia...

Parar, puxar-te para mim, enquanto tu me seguras daquela forma que só tu sabes, e beijar-te!

Beijarmo-nos e perdermo-nos, no tempo e no espaço, como se, naquele instante, tivéssemos sido transportados para outra dimensão!

Beijarmo-nos, como duas pessoas que se amam!

Aquela praia, ainda movimentada, começa a parecer inapropriada para consumar esse amor.

Por isso, mesmo cheios de desejo, paramos!

Ainda com a sensação de que acabámos de acordar, de regressar à terra quando já vislumbrávamos o universo, de voltar à realidade...

Mas, no fundo, felizes!

Estamos juntos, e temos todo o tempo do mundo!


I felt like walking along the beach with you...
Then, we stop, I pull you to me, while you hold me that way only you know, and I kiss you!
We kiss and we lose ourselves in time and space as if, at that moment, we had been transported to another dimension!
We kiss, as two people who love each other!
That beach, still busy, begins to seem inappropriate to consummate that love.
So, even full of desire, we stop!
Still with the feeling that we just wake up, that we just return to earth when we were glimpsing the universe, that we have just come back to reality...
But, anyway, we are happy!
We're together, and we have all the time in the world!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Bullying - Uma Dura Realidade


Tenho uma filha! A menina que sempre desejei!
E como qualquer mãe galinha, tenho um desejo enorme de a proteger de tudo e de todos os que a possam magoar, seja de que maneira for.
Claro que só quero o melhor para ela, mas nem sempre protegê-la do mundo, criando uma redoma à sua volta, é a melhor forma de o demonstrar.
Há que deixá-la viver, experimentar, enfrentar as dificuldades e prepará-la para que, sozinha, sem estar na sombra de outros, consiga sobreviver nesta selva em que vivemos – desenvolvendo a sua autonomia, as suas capacidades, o seu poder de luta, aprendendo a se defender, se necessário for, e a resolver os seus problemas.
Com algumas reservas minhas, mas ao mesmo tempo ciente de que seria benéfico para ela, começou a frequentar o Jardim de Infância com 4 anos e hoje, com 7, está no 2º ano, numa escola pública onde, juntamente com ela, se encontram mais de 600 crianças.
Tal como neste vídeo, todos os dias ela se levanta, veste aquela roupa que tão carinhosamente escolhi para ela, toma o pequeno-almoço e vai para a escola.
Pelo que me apercebo, não tem muitas amigas, embora para ela todas as colegas sejam amigas. Até mesmo aquelas que a rebaixam, ou só a querem por perto por interesse.
Mas não me preocupa o facto de ter poucas amigas. Eu também não tive muitas. Na verdade, apenas duas, que me acompanharam durante os vários anos em que estudei.
Preocupa-me sim, que ela venha a ter inimigas! Não por algo que ela tenha feito de mal, até porque para quem pratica o “bullying”, não existe uma motivação aparente e, muitas vezes, quando a há, nem sempre está directamente relacionada com a vítima.
Outras, como foi o meu caso, surgiram na sequência de uma resposta que, provavelmente, aquelas pessoas não esperavam ouvir.
Ia para o 10º ano, tal como uma das minhas amigas que era da mesma turma que eu – éramos “caloiras” e não conhecíamos ninguém naquela escola.
Ao contrário daquelas três raparigas, que frequentavam o 11º ano e já conheciam meio mundo.
Sempre muito tímidas e não gostando de confusões, guerras ou discussões, tivemos um ano bastante complicado, em que a violência psicológica foi presença constante.
Cada vez que as avistávamos, ainda que bem longe, já os nervos davam sinal, e só queríamos que aquele instante que se aproximava passasse depressa.
Desde insultos, a comentários depreciativos, e até mesmo uma vez em que entraram na nossa sala de aula para nos danificarem o material escolar, os sentimentos que mais habitavam dentro de nós eram pavor, medo, ansiedade…
Dia após dia, éramos “empurradas” para aquele ambiente hostil, que muitas vezes nos levava ao desespero, e a pensar em desistir de estudar, só para o pesadelo acabar.
Felizmente, esta violência caracterizada pela prática de actos intencionais e repetidos, neste caso em grupo, foi apenas psicológica. Nunca houve agressões físicas.   
Mas não são poucos os casos em que somos vítimas de vários tipos de práticas, não só físicas (agredir, bater), mas também verbais (gozar, insultar, apelidar), materiais (roubar, destruir pertences ou danificando objectos pessoais), psicológicas (intimidar, ameaçar, perseguir, aterrorizar), e até mesmo, mais recentemente, virtuais!
Praticados em grupo, ou por uma só pessoa, estas situações ocorrem com maior frequência nas escolas, sempre fora da visão dos adultos, e normalmente as vítimas não reagem, nem tão pouco falam sobre as agressões de que foram vítimas.
Os agressores têm, geralmente, personalidades autoritárias, uma absurda necessidade de controlar ou dominar e são, algumas vezes simultaneamente, agressores e vítimas.
Contudo, não é um problema exclusivo das escolas, podendo acontecer em qualquer meio, como no local de trabalho ou entre vizinhos.
E as consequências não se fazem esperar – dor, angústia, irritação, ansiedade, stress, nervosismo e tristeza anormais, podendo, nos casos mais graves, levar à depressão, problemas psíquicos e até mesmo ao suicídio.
É importante não ignorar, não nos convencermos que tudo isto faz parte da vida e que há-de passar, mais cedo ou mais tarde.
Mais grave ainda que ser uma vítima de “bullying”, é vermo-nos sozinhos, é não sabermos a quem recorrer, a quem pedir ajuda, com quem conversar. É vermos as pessoas esconderem a cabeça na areia como avestruzes, ou virarem costas, como se de um perfeito disparate, inventado por alguém que apenas pretende chamar a atenção, se tratasse.
Lembro-me de não querer continuar a estudar, de pensar em desistir. A minha amiga fez apenas o 10º ano e ficou por aí. Já eu, fui “obrigada” pelos meus pais a continuar – passei para o 11º ano, o que significava ter que enfrentar durante um ano inteiro, e completamente sozinha, aquele inferno.
Muito embora o meu pai sempre me tenha dito que a melhor forma de lidar com esse tipo de pessoas é ignorando, não mostrando medo, nessa altura eram as últimas coisas que eu conseguia fazer.
Mas ter o 11º ano ou ter o 9º, ia dar no mesmo. E os meus pais queriam o melhor para mim, queriam que eu estudasse, para no futuro ter melhores oportunidades. Para isso era necessário ter, pelo menos, o 12º ano! Como hoje lhes agradeço essa imposição!
Felizmente, aquele ano passou-se, tal como passou o seguinte (muito melhor porque nessa altura já as ditas raparigas tinham deixado a escola secundária).
Hoje, olhando para trás, quando as vejo casadas e com filhos, penso se de facto teriam consciência daquilo que tanto gostavam de fazer, ou se seria uma rebeldia da adolescência.
Hoje, não procuro detectar uma situação semelhante em cada esquina, mas tento ficar atenta, para que a minha filha não venha a passar pelo mesmo que eu.
Para que, se um dia isso acontecer, eu possa compreendê-la, ajudá-la, e dar-lhe todo o meu apoio, na luta contra esta dura realidade!


quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Emoções de Adolescentes


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“Sinto que estou a perder as minhas forças. A cada dia que passa estou a deixar-me vencer…vencer pela tristeza, tristeza por não te ter ao pé de mim…pela incerteza, incerteza por não saber definir ao certo que sentimento é este…pela insegurança, por não saber se sou correspondida da mesma maneira…
Sinto-me frustrada, desanimada, apática…nada faz sentido…quero levar a minha vida para um lado, e tudo a empurra para outro…
Neste momento, parei. Não tenho mais vontade de andar, não tenho mais forças para me mover…
Já não consigo disfarçar, preciso de estar ocupada, distraída…sozinha, a única coisa que consigo fazer é chorar…
Sinto que é uma luta perdida…Se é que se pode chamar de luta…
Quero culpar alguma coisa, quero culpar alguém…
Culpo-me a mim porque não sou forte, não sou corajosa, não arrisco, não luto…sou conformista, sou comodista, prefiro o mais fácil, o mais confortável, sou cobarde…
Culpo-te a ti, porque não me vens salvar, porque não me vens tirar deste pesadelo em que eu própria me meti…
Culpo a distância, que nos afasta, que me faz sentir saudades, que não nos permite viver o que tanto desejo….
Tento encontrar algo ou alguém a quem possa responsabilizar, mas simplesmente não existe!
Quanto muito poderei culpar o meu coração, por sentir o que não deveria sentir…
Tudo o que me dás é tudo aquilo a que me posso agarrar…
Todas as tuas palavras, todos os teus gestos, são alguns dos poucos momentos em que consigo sorrir…
Queria tanto acreditar que o sonho se iria tornar real…mas cada vez mais me convenço que não passa disso mesmo…de um sonho.
A realidade é bem diferente, mais dura…
Não há lugar para fantasias, não há lugar para sonhos que, por circunstâncias da vida, nunca vão passar disso.
E essa é a parte mais difícil…perder a esperança…encarar a realidade…
De que me serve ter a capacidade de amar, se não posso amar quem eu quero…se não consigo dar amor a quem me ama…"


Na adolescência, encaramos as primeiras paixões como se de verdadeiros amores se tratassem!
Somos protagonistas das mais belas histórias, com tudo aquilo a que temos direito - amores proíbidos, amores desencontrados, amores distantes, sempre à espera do Happy Ending, mas não sem antes passar pelo típico sofrimento do desenrolar da trama.
Ao fim de tantos anos cheguei a uma simples conclusão - somos mais fortes do que pensamos, e não morremos por amor, ou melhor, pela falta dele!
Não quer dizer que os nossos sentimentos não sejam verdadeiros (porque geralmente até o são), mas temos uma capacidade de ver tudo de forma mais simples, mais prática, e sem aquele romantismo e dramatismo de outrora.
Não significa que não tenhamos saudades daqueles que amamos, quando estão longe de nós, mas não paramos no tempo à espera do regresso.
Não quer dizer que não nos sintamos tristes muitas vezes, que não tenhamos vontade de chorar, que não nos afecte minimamente, mas temos a força necessária para reagir, para para nos recompormos e seguir em frente com a nossa vida.
Afinal, o amor não mata, mas mói!
Mas, se puder ser correspondido e vivido plenamente, pode ser muito compensador. Por muito que sejamos fortes, decididos e independentes, não há nada melhor do que termos alguém na nossa vida com quem partilhar as nossas tristezas e as nossas alegrias, as nossas derrotas e as nossas vitórias, os nossos pesadelos e os nossos sonhos, tudo o que faz de nós aquilo que somos!
É importante viver cada dia, e saber aproveitar o melhor que temos e com quem estamos - a nossa vida está em constante mudança, e a nossa história deve ser feita de pequenos finais ao longo do tempo. Quem sabe se na vida real não será ainda melhor do que o que idealizámos?!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Um dia chega a nossa vez

Apesar da dura realidade que enfrentamos, e das más notícias que nos chegam todos os dias ao ouvido, não podemos desmoralizar, deixarmo-nos vencer pelo negativismo e desistir.
Eu sei que não é fácil ver os dias, os meses, e por vezes até mesmo os anos a passarem, sem que tenhamos conseguido encontrar um trabalho.
Aos meus quinze anos, na idade em que me apetecia comprar uma infinidade de coisas e não podia, porque os meus pais não tinham dinheiro para os meus devaneios, meti na cabeça que queria deixar de estudar e ir trabalhar! Como se com essa idade, alguém me desse trabalho!
Claro que os meus pais não foram na conversa, e foi aí que mostrei pela primeira vez a minha rebeldia de adolescente. Lembro-me de ter chorado "baba e ranho", de ter pronunciado uns quantos disparates e palavras nada bonitas de se ouvir contra os meus pais - literalmente, fiz birra!
Escusado será dizer que de nada me serviu, porque fui obrigada a terminar o 12º ano.
Como hoje os compreendo! Os pais sabem sempre (ou quase sempre) o que é melhor para os filhos, e aqui estavam totalmente certos.
Eu tinha que estudar, tinha que pelo menos completar o 12º ano, porque isso ser-me-ia útil mais tarde, quando me propusesse a entrar no mercado de trabalho.
E assim foi - com 18 aninhos e uma média de 17, tive direito ao valioso (ou nem por isso) certificado de habilitações. Inscrevi-me no Centro de Emprego da minha zona e esperei que a sorte me batesse à porta, já que não havia ninguém a precisar de empregada nos arredores.
Era muitas vezes chamada pelo Centro de Emprego para ir a entrevistas. Além de ter que me deslocar à sede, a mais de 40 quilómetros, quando lá chegava percebia que para uma única vaga, concorriam uns 20 candidatos!
O mais engraçado é que, chegados aos respectivos locais, éramos informados que já não precisavam de ninguém! Outros então, nem sabiam porque nos tinham mandado lá!
Quantas vezes me perguntei para que servia afinal o Centro de Emprego? Quantas vezes tem afixados anúncios de empregos, quando há tantas pessoas à espera de serem chamadas sem sucesso?
Outra coisa que me fazia imensa confusão e me revoltava, era em todos os anúncios de emprego pedirem experiência. Ora, se nunca me dessem a oportunidade de trabalhar pela primeira vez, como poderia algum dia ter experiência?
Durante um ano, estive 15 dias numa fábrica de estofos para carros, em que a minha função consistia em desenhar os moldes nas peles e cortar. Mas era óbvio que naquela pequena empresa familiar, não havia lugar para estranhos, e tanto a mim como à minha cunhada, trataram de nos pôr a andar, além de ter sido difícil receber o pagamento desses poucos dias.
Também experimentei um dia como armazenista, ao fim do qual não me conseguia mexer de tão dorida que estava de arrumar caixotes! Igualmente por um dia, fui empregada de balcão numa pastelaria. Mas nada disso me satisfazia, e esperei por algo que realmente gostasse.
Numa das minhas deslocações a uma perfumaria, em vésperas de Natal, enviada pelo meu querido Centro de Emprego, fiquei a saber que o anúncio já tinha passado da validade. Mas como havia bastante movimento, ainda me propuseram ficar lá o resto do dia, a fazer embrulhos e laçarotes! Pelo menos ganhei qualquer coisita e ainda me deram umas amostras de perfume!
Foi então que o Instituto do Emprego e Formação Profissional me convocou para tirar um Curso de Práticas Administrativas, remunerado, com a duração de ano e meio. Fiz testes psicotécnicos, entrevistas e exames médicos de selecção, e consegui entrar.
Tínhamos várias disciplinas como a Informática, Inglês, Direito, Práticas Administrativas ou Contabilidade. Em Contabilidade aconteceu uma coisa muito engraçada - fizemos um teste e a formadora deu-me 20! O  meu primeiro 20! Só que os superiores cairam-lhe em cima e pressionaram-na a baixar a nota porque segundo eles "dar um 20 a um formando é o mesmo que dizer que ele sabe tanto como a formadora"!
Mas adiante, ao fim de um ano de curso teórico, veio a fase do estágio. Por ironia do destino, fui eu que elaborei uma lista com várias possíveis empresas para cada um de nós, e por sorteio, calhou-me logo a que não oferecia perspectivas de emprego no futuro.
Foi uma grande frustração andar mais de um mês a arquivar facturas e recibos, para me entreter, sem poder pôr em prática nada do que aprendi, e sabendo que terminado o estágio, voltava à estaca zero, ao contrário de alguns colegas meus, que ficaram nas empresas que lhes couberam. Mais um diploma para arrumar na gaveta.
E mais um ano em que me valeu as repetidas inscrições nos tempos livres da Câmara Municipal, já que a minha candidatura ao concurso público não deu frutos (já sabiam de antemão quem lá iam pôr dentro). Um mês na secção de Contencioso e outro na secção de Contabilidade, 3 horas por dia. Depois 2 meses de pausa (não podiam ser seguidos). Os seguintes foram passados entre a secção de Recursos Humanos e a Biblioteca, onde adorei estar! A terceira temporada começou na Biblioteca e terminou antecipadamente no Museu. Por intermédio da minha tia, que conhecia o pai do rapaz que ia abrir uma loja de animais, ou seja, com uma "cunha" consegui ficar com o cargo de empregada na dita loja.
Estava super contente porque finalmente ia trabalhar a sério. Tive formação durante uma tarde sobre os vários produtos para peixinhos, sobre aquários e outras coisas mais.
Mas como se costuma dizer, ou não aparece nada, ou aparece tudo, e nessa mesma tarde recebi um telefonema de um advogado que precisava de uma secretária, a perguntar se estava interessada.
Ainda um pouco admirada, porque não me lembrava de ter enviado o meu curriculum para esse advogado, fui à entrevista. Afinal tinha sido a advogada onde o meu patrão tinha estagiado, que lhe deu o meu contacto (eu tinha lá deixado o meu curriculum uns meses antes).
Expliquei-lhe que tinha outro trabalho em vista mas que, se me oferecesse as mesmas condições, aceitava.
E aqui continuo eu, há já 11 anos! E sem "cunhas"! Foi o melhor que fiz porque a dita loja de animais, nem 3 meses sobreviveu, tal como todos os animais que lá se encontravam!
Por isso, pensamento positivo e esgotem todas as possibilidades, por mais remotas que possam parecer, porque um dia chegará a vossa vez!