Muitas vezes guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, pequenos textos que escrevemos e ficaram arrumados numa gaveta fechada...


Eu decidi abrir essas gavetas, e o resultado é este blog!




How many times we keep things for our own – opinions, feelings, ideias, moods, reflections, some little texts we wrote and put on a closed drawer…

Now I have decided to open those drawers, and this is the result!



Mostrar mensagens com a etiqueta dinheiro. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta dinheiro. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Em que é que ficamos



Janeiro - Fui pagar a renda da casa. Levei dinheiro a mais porque não tinha trocado. A senhoria disse que arredondava-se para baixo, e devolveu-me 1 euro, para o mealheiro da Inês.

Fevereiro -  Fui pagar a renda da casa. Levei o mesmo dinheiro que no mês anterior. A senhoria voltou a devolver 1 euro.

Março - Fui pagar a renda. Desta vez, levei o dinheiro certo, conforme o valor que ela tinha arredondado. Não me disse nada.

Abril - Fui pagar a renda. Tal como no mês anterior, levei o mesmo dinheiro. E não é que ela me pergunta se eu tinha ficado com os "pretos" para a minha filha?!...

Foi a primeira e última vez! Daqui para a frente vai exactamente o valor do recibo, ou a mais. E ela que faça o que quiser com o troco, que nem a minha filha nem eu precisamos desses favores!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Como gerir o ordenado



Cada um saberá a melhor maneira de gerir o seu dinheiro, isto quando há tempo, e é possível geri-lo!
Porque algumas pessoas têm tão pouco, que mal lhes chega às mãos, logo desaparece, ainda antes de terem pensado numa eventual gestão.
E outras há que, simplesmente, não querem saber disso para nada, porque convivem melhor com a desorganização.
Mas, para aquelas que preferem as contas, e as notas, mais arrumadinhas, aqui ficam algumas dicas, que mais não são do que a minha própria experiência nessa matéria!
Então é assim que eu costumo fazer:
1 - Quando recebo o ordenado, mentalizo-me que recebo apenas uma parte (por exemplo - se receber € 700, penso que só recebi € 650, e os restantes € 50 é como se não existissem);
2 – Desse valor que eu considero ordenado recebido, desconto todas as despesas certas que tenho para pagar (por exemplo - renda de casa, mensalidades de carro, TV Cabo, Seguros);
3 - O restante, fica para as compras, e despesas que possam entretanto surgir;
4 – As contas de água, luz e gás, podem inserir no número 2 ou no 3, consoante o modo e a data de pagamento;
5 – Aconselho a anotarem todas as despesas mensais, de forma a terem uma ideia de quanto gastam normalmente;
6 – Revejam a vossa rotina, e verifiquem se têm vícios que, eventualmente, possam cortar;
7 - Na hora de irem às compras, é melhor fazerem, previamente, uma lista do que realmente precisam.
Claro que haverá pessoas que precisam do ordenado completo e, ainda assim, pode não ser suficiente.
Mas para quem tiver a possibilidade de poder utilizar este método, sabe que tem sempre ali um dinheiro extra (com o qual não fez conta), e que poderá utilizar em caso de necessidade. Os meses não são todos iguais, e é bom saber que aquele dinheirinho que não nos fez falta num mês, deu imenso jeito noutro em que os gastos foram maiores. Se não for preciso, é sempre uma poupança que têm, para recorrer em último caso! E, se depois de tudo pago, ainda vos sobrar dinheiro, podem juntá-lo a esta poupança.
Convém ainda lembrar que, apesar de todo este controlo, sempre partindo do que é realmente essencial, não nos devemos privar ou abdicar, se tivermos oportunidade, de um ou outro mimo. Não é por comprarmos aquela gulodice que nos apetece tanto, aquela camisola que vimos na loja, tomar uma refeição fora de casa, ou beber o nosso cafezinho a seguir ao almoço, que vamos ficar mais pobres!
Boas contas!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A Era do Dinheiro



Quando eu nasci, não sabia o que me esperava cá fora!
Estava habituada a “habitar” numa pequena bolsa de água quentinha, que me mantinha viva, que me protegia, que me alimentava, onde dormia, e que me dava tudo o que eu precisava.
Mas os meus pais sabiam que seria necessário mais do isso.
Eles precisavam de dinheiro para me comprar alimento; precisavam de dinheiro para me comprar roupa; precisavam de dinheiro para me comprar fraldas, produtos de higiene, e medicamentos.
Eu fui crescendo, e eles precisaram de dinheiro para me pagar os estudos, os passeios da escola, as fotografias da turma.
Agora que sou adulta, o que é que eu preciso?
Se quiser comprar ou alugar uma casa para morar? Preciso de dinheiro!
Se quiser viajar? Preciso de dinheiro!
Se precisar de me deslocar, em transporte próprio ou público? Preciso de dinheiro!
Se estiver doente? Preciso de dinheiro!
Se me quiser alimentar? Preciso de dinheiro!
Se me quiser vestir e calçar? Preciso de dinheiro!
Se quiser comprar alguma coisa, seja para mim ou para oferecer? Preciso de dinheiro!
Se quiser levar um determinado projecto adiante? Preciso de dinheiro!
Se quiser casar ou divorciar? Preciso de dinheiro!
Se quiser ter filhos? Preciso de dinheiro!...
Pensando bem, o que é que eu posso, então, ter ou fazer, que não necessite de dinheiro?
A educação, os valores, os sentimentos…
Mas de que me adianta tudo isso, se não tiver dinheiro?
Posso até ter saúde, sem ter dinheiro. Mas ela depressa desaparecerá, a partir do momento em que, por falta desse mesmo dinheiro, não me puder alimentar, matar a sede, ir ao médico ou comprar medicamentos quando estiver doente.
E se não me posso, eventualmente, curar, por falta de dinheiro, tudo o resto morre comigo!
Talvez a Adão e Eva, tudo tenha sido oferecido, sem que necessitassem de um saco de moedas ou um maço de notas para troca.
Talvez em séculos passados, houvessem outras formas de nos mantermos e sobrevivermos.
Mas eu, feliz ou infelizmente, nasci na era do dinheiro.
E, por isso mesmo, por mais que me digam que o dinheiro não é tudo, que o dinheiro não traz felicidade, que o dinheiro não nos dá saúde, e todas essas frases que já conhecemos tão bem, a verdade é tudo à minha volta me mostra e prova exactamente o contrário!
Não é tudo, mas quase tudo depende dele! Quase tudo gira à volta dele! E, digam o que disserem, o dinheiro é uma preciosa ajuda sempre bem-vinda!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Em busca de objectivos


A maioria das pessoas desiste de sonhar, e de lutar, porque pensa que o sonho apenas conduz à desilusão. A partir daí, agarram-se ao concreto, àquilo que conhecem (mesmo que não as satisfaça), e acomodam-se, entrando num estado de profunda apatia, de desistência, tornando-se uma espécie de zombies…”

Quantas vezes desejamos ter esta ou aquela coisa, sonhamos ser isto ou aquilo, e nos lamentamos por ainda não o termos conseguido.
É nessa altura que nos dizem “em vez de pensares no que não tens, e te lamentares por isso, dá antes valor ao que possuis, ao que já atingiste, ao que já conseguiste”!
Concordo plenamente, que devemos dar valor ao que temos e conseguimos, em vez de pensarmos e lamentarmos o que não temos.
Por outro lado, dizem-nos que não nos devemos acomodar, e deixarmo-nos ficar por aquilo que temos.
Pelo contrário, é imprescindível ter objectivos para concretizar, metas para atingir, de forma a alcançarmos tudo aquilo que ainda não temos e tantas vezes sonhamos (embora nos digam para não pensar tanto nisso, porque afinal já temos o que temos!).
E que objectivos são esses que devemos ter? Que precisamos de ter? E onde procurá-los? Onde encontrá-los?
Dentro de nós próprios, evidentemente! Então, e se eu simplesmente não tiver nenhum objectivo? Será que não tenho mesmo? Se tenho, não os consigo descobrir…
Ou até talvez tenha encontrado alguns, mas com eles vem a certeza de que não vale a pena alimentá-los, porque sem dinheiro, não há concretização possível.
Que sonhos, que objectivos procuramos geralmente realizar?
- Estudar e/ ou tirar um determinado curso, licenciatura, mestrado, bacharelato;
- Arranjar um trabalho;
- Comprar uma casa própria;
- Casar com a pessoa que ama (depois de a encontrar);
- Ter filhos;
- Viajar;
- Praticar alguma actividade ou hobbie;
- Tirar a carta de condução;
- Comprar um carro;
- Fazer uma dieta;
- Deixar de fumar;
- Morar sozinho, deixar a casa dos pais;
- Cortar com determinado vício…


Ora, eu não me revejo em nenhum destes objectivos – fiz o 12º ano porque não quis estudar mais (nem vontade tenho de o voltar a fazer), encontrei um trabalho onde estou há 11 anos (não é propriamente o trabalho de sonho, mas estou efectiva, pagam-me, e não trabalho aos fins de semana, como sempre desejei), casei, divorciei-me, tenho uma filha, moro com ela numa casa alugada (porque não tenho intenção de comprar uma), nunca quis tirar a carta de condução porque não me imagino sequer a conduzir, e ter um carro não está dentro das minhas possibilidades financeiras, não tenho vícios, não preciso de dietas, tenho o namorado que desejei, não tenho tempo para actividades extra (até para poder estar um pouco sozinha quase tenho que pedir licença)…
Viajar, já foi um sonho e, consequentemente, um objectivo. Neste momento, não me entusiasma tanto, e ainda que assim fosse, não há dinheiro!
Se se pode considerar um objectivo, gostava de ir este ano ver o espectáculo ALEGRIA, do Cirque du Soleil. Mas, também para isso, não há dinheiro.
Gostava de criar uma instituição de solidariedade social e, claro está, ainda menos dinheiro há.
Ou seja, não há nada que eu neste momento consiga identificar como objectivo para a minha vida. Isso significa que estou a viver ao “sabor da maré”, caminhando para onde a vida me leva. Em vez de levá-la eu para onde quero.
Se me perguntarem “mas tu não sonhas”? Claro que sonho! Mas de que adianta sonhar se, como alguém disse, esses sonhos, “só levam a desilusões”? É por isso que, qualquer que seja a ideia que, eventualmente surja, ou me apresentem, nem sequer chega a florescer – é cortada de imediato, rejeitada naquele preciso momento.
Em vez disso, agarro-me ao que tenho, à minha morna realidade, à minha vidinha de sempre, ao marasmo e à monotonia que a caracteriza.
E, se é verdade que muitas vezes nem penso nisso e consigo viver bons momentos dentro dessa realidade, também é verdade que há dias em que percebo o rumo, ou a falta dele, que estou a dar à minha vida. Não me sinto totalmente satisfeita, a apatia instala-se e sinto-me, de facto, uma zombie.
Se é triste? É! Mas se é angustiante parar, pensar e perceber que não tenho objectivos, e que, por isso mesmo, estou insatisfeita e não sou completamente feliz, mais angustiante é obrigar-me a uma busca interior, tentando encontrar objectivos que eu sei que neste momento não existem, como se disso dependesse toda a minha felicidade.
O objectivo principal é o meu bem-estar, e esta demanda não é, de todo, algo que me deixe mais animada e feliz.
Afinal, se e quando tiver objectivos, estes irão surgir por si mesmos e, nessa altura, eu estarei apta a identificá-los. A partir daí, restará saber o que fazer com eles…

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A Era do dinheiro


Quando eu nasci, não sabia o que me esperava cá fora!
Estava habituada a “habitar” numa pequena bolsa de água quentinha, que me mantinha viva, que me protegia, que me alimentava, onde dormia, e que me dava tudo o que eu precisava.
Mas os meus pais, sabiam que seria necessário mais do isso.
Eles precisavam de dinheiro para me comprar alimento; precisavam de dinheiro para me comprar roupa; precisavam de dinheiro para me comprar fraldas, produtos de higiene, e medicamentos.
Eu fui crescendo, e eles precisaram de dinheiro para me pagar os estudos, os passeios da escola, as fotografias da turma.
Agora que sou adulta, o que é que eu preciso?
Se quiser comprar ou alugar uma casa para morar? Preciso de dinheiro!
Se quiser viajar? Preciso de dinheiro!
Se precisar de me deslocar, em transporte próprio ou público? Preciso de dinheiro!
Se estiver doente? Preciso de dinheiro!
Se me quiser alimentar? Preciso de dinheiro!
Se me quiser vestir e calçar? Preciso de dinheiro!
Se quiser comprar alguma coisa, seja para mim ou para oferecer? Preciso de dinheiro!
Se quiser levar um determinado projecto adiante? Preciso de dinheiro!
Se quiser casar ou divorciar? Preciso de dinheiro!
Se quiser ter filhos? Preciso de dinheiro!...
Pensando bem, o que é que eu posso, então, ter ou fazer, que não necessite de dinheiro?
A educação, os valores, os sentimentos…
Mas de que me adianta tudo isso, se não tiver dinheiro?
Posso até ter saúde, sem ter dinheiro. Mas ela depressa desaparecerá, a partir do momento em que, por falta desse mesmo dinheiro, não me puder alimentar, matar a sede, ir ao médico ou comprar medicamentos quando estiver doente.
E se não me posso, eventualmente, curar, por falta de dinheiro, tudo o resto morre comigo!
Talvez a Adão e Eva, tudo tenha sido oferecido, sem que necessitassem de um saco de moedas ou um maço de notas para troca.
Talvez em séculos passados, houvessem outras formas de nos mantermos e sobrevivermos.
Mas eu, feliz ou infelizmente, nasci na era do dinheiro.
E, por isso mesmo, por mais que me digam que o dinheiro não é tudo, que o dinheiro não traz felicidade, que o dinheiro não nos dá saúde, e todas essas frases que já conhecemos tão bem, a verdade é tudo à minha volta me mostra e prova exactamente o contrário!
Não é tudo, mas quase tudo depende dele! Quase tudo gira à volta dele! E, digam o que disserem, o dinheiro é uma preciosa ajuda sempre bem-vinda!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Tráfico Humano - ao virar da esquina






Duas jovens adolescentes viajam, sozinhas, para Paris. À chegada, como muitas outras pessoas, tentam apanhar um táxi que as leve ao destino. Enquanto esperam, um rapaz simpático mete conversa com elas. Apresentam-se. Em ambiente descontraído, uma delas pede-lhe que tire uma foto às duas, entregando-lhe para isso o telemóvel.
Aparentemente, também ele tinha viajado até Paris e, tal como elas, aguardava a sua vez na fila para o táxi. Por isso mesmo, perguntou-lhes se não queriam dividir a despesa do mesmo, ficando assim mais barato para todos. E assim fizeram. Chegadas à moradia onde iriam ficar instaladas, despediram-se do rapaz, que entretanto já tinha conhecimento que ambas estariam sozinhas. Alguns instantes depois, as duas são levadas por 3 ou 4 homens que ali entraram. Na verdade, o tal rapaz, aparentemente simpático e inofensivo, pertencia a uma rede de tráfico de mulheres, actuando como intermediário, se assim se pode chamar.
O destino que as esperava? O pior que se possa imaginar – drogadas, as que não morriam de overdose, eram obrigadas a prostituir-se, em bordéis ou nas ruas, sempre controladas e vigiadas.
Outras, na opinião dos traficantes, mais valiosas, eram levadas para leilões, vendidas a quem oferecesse o valor mais alto. Representantes de magnatas compravam, sob a sua ordem, o que para eles nada mais significava que um mero objecto.
Um cenário deprimente, chocante e repugnante que, infelizmente, retrata uma realidade que nos pode apanhar a qualquer um, nas suas malhas. Ali mesmo, ao virar da esquina!
A razão para que isto aconteça? Dinheiro! Como eles diziam, não era nada “pessoal”, apenas ganhavam dinheiro!
O tráfico humano, é a terceira actividade criminosa mais rentável do mundo, logo depois das drogas ilícitas e do tráfico de armas. Não escolhe raça, idade ou classe social. E nem mesmo sexo! Embora a grande maioria das vítimas sejam mulheres e, entre essas, adolescentes, também estão incluídos no pacote homens e crianças, que são traficados para os mais diversos fins.
A prostituição, como já atrás referi, é a forma mais corrente do tráfico humano. Iludidas por falsas promessas de bons empregos, uma vida melhor, ou financiamento de estudos, são alvos fáceis de cair em mãos criminosas, que não pedem consentimento às vítimas para as traficarem, retirando-lhes direitos humanos básicos como a liberdade – de movimento, de escolha, de controlo sobre si próprio e sobre a sua vida. E enquanto os criminosos lucram, estas mulheres sofrem todo o tipo de violência física e psicológica.
Mas também pode acontecer a quem pura e simplesmente, como estas duas adolescentes, gosta de viajar.
O recrutamento é o primeiro passo, o primeiro elo da cadeia do tráfico humano, através do qual os traficantes encontram as vítimas, enganando-as ou forçando-as a entrar num mundo onde a escravatura, que julgávamos ter acabado há muito, é uma constante em pleno século XXI. São os recrutadores, aparentemente pessoas normais, que fazem o primeiro contacto com a vítima. Qualquer um pode ser recrutador, até mesmo aquela pessoa em quem, à partida, tínhamos total confiança. Bastante criativos, servem-se muitas vezes de anúncios em jornais ou na Internet, agências ou empresas falsas, e até mesmo através de conhecimentos privados.
O próximo passo é entregar as vítimas aos verdadeiros criminosos, que as forçam aos mais variados actos, sob ameaça constante, sob violência, sob chantagem. Afinal, elas passam a ser responsáveis pelo pagamento do dinheiro que o traficante pagou por elas.
Mas não é só para a prostituição ou pornografia que são traficados estes seres humanos.
No caso dos homens, por exemplo, é frequente estes serem levados para trabalhos forçados, como por exemplo na agricultura, na indústria ou na construção civil.
Já as crianças, são utilizadas muitas vezes para actividades criminosas como a mendicidade, tráfico ou venda de droga, passagem de dinheiro falso ou pornografia infantil, bem como para adopção ilegal.
Não podemos ignorar esta realidade, este fenómeno que pode estar tão perto de nós e nos afectar mais do que julgamos.
O que é certo é que não existem receitas infalíveis para não cair nesta teia, existem medidas de sensibilização, de prevenção, que embora úteis, não nos dão a garantia de que nunca iremos ser apanhados.
Também é certo que não podemos viver com medo, desconfiar de tudo e de todos, e deixar de fazer determinadas coisas porque há uma possibilidade remota de não correr bem.
Mas convém lembrar e ter presente que, por vezes, as possibilidades remotas podem ter avançado a grande velocidade na nossa direcção, e estar mais próximas do que pensamos, até mesmo ao virar daquela esquina!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quando os filhos têm vergonha dos pais



Depois de algumas horas fechados na sala de aula, chega finalmente a hora do recreio!
Os rapazes vão jogar à bola, enquanto as raparigas se juntam em grupinhos, a conversar ou a brincar com aquelas coisas que trouxeram de casa.
Observo com mais atenção, e descubro uma menina sentada num banquinho, afastada das outras crianças, a comer o seu lanche que a mãe, carinhosamente, lhe preparou.
Vejo no seu olhar, e na sua expressão, que está triste. Ela gostava de estar com as outras meninas. Mas as outras meninas não querem estar com ela.
Afinal, porque haveriam de a incluir naquele grupo de amizades? Quem é ela?
Ela é, apenas, a filha daquele homem que trabalha todos os dias para poder alimentar e dar o que pode à sua família, daquela mulher que, quando não está a trabalhar, fica em casa com os seus filhos, e vai levá-los e buscá-los à escola naquele velho Renault Clio que, provavelmente, não se importariam de trocar por outro mais novo, houvesse dinheiro para tal. Mas não há, e afinal de contas, é preferível ter aquele do que não ter nenhum.
Ela é, apenas, uma menina que não veste roupa de marcas famosas. Certamente, muitas das suas roupas nem novas são – foram dadas por outras pessoas a cujos filhos já não serviam. Embora os pais lhe possam comprar uma ou outra peça naquelas lojas mais baratinhas, ou numa qualquer feira.
Num meio onde vivem, em maioria, crianças filhas de pais ricos, com dinheiro, donos disto e daquilo, não é fácil ser pobre, não usar roupas de marca, andar num carro velho, e não ter brinquedos de última geração!
Aquela menina, é uma menina a quem os colegas põem de parte, por todos esses motivos Uma menina que todos os dias ouve os colegas chamarem-lhe as mais variadas coisas, que todos os dias é insultada e enxovalhada.
É uma menina triste e solitária, que só desejava ter amigas como qualquer outra criança, que só desejava brincar e ser aceite pelos colegas, que só desejava não ser discriminada pelas condições de vida que os pais lhe podem proporcionar…
Uma menina que, como qualquer ser humano, tem sentimentos…
E pergunto-me? Será a pobreza motivo para ter vergonha dos pais? Será uma justificação válida para tal?
Ou deve, pelo contrário, ser um motivo de orgulho para os filhos, saber que tudo o que têm, nem sempre muito, foi conseguido com muitos sacrifícios, esforço e dedicação dos seus pais, para que nunca lhes faltasse o essencial?
Não nos devemos sentir gratos quando, por exemplo, uma mãe abandonada pelo companheiro ainda grávida, cria a seu filho sozinha, trabalhando de sol a sol, muitas vezes passando fome para que não falte alimento ao filho, juntando todo o pouco dinheiro que conseguiu na sua vida para pagar os estudos ao filho e vê-lo formado em medicina?
É triste quando esse filho não reconhece tudo o que foi feito por ele, quando esse filho tem vergonha da própria mãe, quando finge não a conhecer e mente a todos sobre a sua família, quando esse filho só pensa no seu próprio bem-estar e comodidade, quando esse filho tem nojo da comida que a mãe, dentro das suas possibilidades, lhe pode pôr no prato, quando esse filho tem vergonha da casa pobre onde vive, não percebendo que ter um tecto para o acolher e abrigar, já é uma bênção.
Esse sim, é um bom motivo para se ter vergonha – não da pobreza material dos pais, mas da pobreza de valores morais de filhos!

sábado, 22 de outubro de 2011

Casamento

                                                                                      Foto de ramo de noiva com alianças
Se por acaso fosse pedida em casamento, teria que ser pelo menos umas duas ou três vezes! Porquê?
Bem…porque das primeiras vezes a minha resposta seria um não bem convicto! Da última talvez já me conseguissem arrancar um sim, muito puxadinho a ferros!
A verdade é que actualmente tenho uma visão bem diferente do casamento da que tinha há uns anos atrás.
Para mim, o casamento como todos nós o conhecemos, com direito a vestido de noiva, celebração religiosa, alianças, festa para a família, e um papel assinado, nos dias de hoje, simplesmente não faz sentido.
Se eu posso partilhar a minha vida com alguém, sem ter que passar por todos esses rituais, e ainda poupar dinheiro, que seria desperdiçado num único dia, para ficar bem na fotografia e levar para casa um DVD de recordação, para quê sujeitar-me a esse martírio?
Mas compreendo perfeitamente que o meu namorado tenha outra visão – para ele é a primeira vez, é normal que queira ter direito a tudo, como manda a tradição!
Eu já pensei exactamente como ele – com os meus 23 anos, achava que o casamento era uma coisa única na vida, e que iria durar para sempre. Achava tudo muito romântico e com um significado especial.
Mas a tradição já não é o que era, e como se costuma dizer, mudam-se os tempos, mudam-se as mentalidades, pelo menos a minha.
Para mim, e como disse o conservador no dia em que me casei, o casamento não é mais do que um contrato, um papel assinado que para muitos pode parecer uma garantia, mas que no fundo não nos garante nada - é puro engano.
Não é uma cerimónia bonita que nos traz felicidade, não é um papel que nos garante que vamos viver felizes para sempre. Aprendi isso, quando percebi que o meu casamento tinha acabado ao fim de quase 6 anos. E o trabalho que tive para me conseguir divorciar! Bem vistas as coisas, paguei bem para ter direito a dois papéis, quando poderia ter evitado tudo isso.
A união de duas pessoas que se amam e querem partilhar a sua vida juntas, construindo um projecto comum, é o mais importante e o mais valioso.
Quando duas pessoas tomam essa decisão, é como se decidissem passar de simples empregados, a administradores da empresa que vão agora criar, com todas as responsabilidades que isso acarreta!
E essa é a parte mais difícil – entregarmo-nos de corpo e alma para manter a nossa empresa a funcionar, por vezes com muitas dificuldades, com muitos sacrifícios, com muito esforço e dedicação, com amor e empenho, para que não vá à falência!
Se ambos trabalharem para o mesmo objectivo, acredito que tudo correrá pelo melhor, e a relação estará a cada dia mais consolidada e fortalecida. Mas quando uma das partes deixa de fazer o seu trabalho, ou quando os objectivos passam a ser diferentes, trabalhando cada um para o que mais lhe convém, não há relação que resista! É como estar dentro de um barco, cada um a remar para o lado oposto – o barco simplesmente não anda!
E infelizmente, é o que se vê mais hoje em dia. A ideia de casamento para a vida deu lugar ao casamento eterno, enquanto durar! Há até países que já apostam em uniões com termo certo! Fará sentido esta realidade?
Na minha opinião, não.
Embora o número de casamentos celebrados nos últimos anos tenha diminuído, contrastando com o número de divórcios que tem vindo a disparar, penso que nenhuma relação tem um prazo de validade pré-estipulado.
Qualquer relação pode durar uma vida inteira, como pode acabar quando não for mais possível continuar, sem que haja necessidade de prazos para renovação ou rescisão!
Além disso, sendo nós os “administradores” da nossa “empresa”, nunca haverá lugar a qualquer espécie de contrato. Quanto muito, decretamos falência, quando assim o entendermos.
Mas mais concretamente para aquelas pessoas que efectivamente se casaram, pelo registo civil, em que há um papel/ contrato assinado, não acredito que, nos tempos que correm, sendo cada vez mais fácil e rápido obter um divórcio, os casais continuem juntos se não o desejarem.
Como também não acredito que, casais que eventualmente continuem juntos por medo da separação, o deixem de ter pelo simples facto de terem esta opção de renovação ou não do casamento.
Por tudo isto, a não ser que fosse uma mera questão económica, de poupança de emolumentos do processo de divórcio, que podem ser dispendiosos se envolverem partilha de bens, ou nos casos de processos a correr em tribunal, não vejo qualquer utilidade para esta nova moda!