Muitas vezes guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, pequenos textos que escrevemos e ficaram arrumados numa gaveta fechada...


Eu decidi abrir essas gavetas, e o resultado é este blog!




How many times we keep things for our own – opinions, feelings, ideias, moods, reflections, some little texts we wrote and put on a closed drawer…

Now I have decided to open those drawers, and this is the result!



segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Discriminação

Num mundo em que parece só haver lugar para pessoas “perfeitas”, torna-se complicado não pertencer a esse grupo, e sair fora de um padrão que, sabe-se lá como, ou quem o criou…Em pleno século XXI, é revoltante perceber que ainda há muitos preconceitos, que ainda há tanta discriminação…é difícil imaginar e ser confrontada com a realidade, com o que essas pessoas sofrem…Principalmente quando estamos perante crianças. E há quem consiga ser muito cruel…
Desde um simples desconhecido com quem nos cruzamos na rua, aos colegas de escola, e por vezes até a própria família, são vários os casos de discriminação social com que nos deparamos ao longo da nossa vida.
Talvez até cada um de nós já a tenha sofrido a pele, em algum momento da nossa vida.
Nos meus tempos de miúda, lembro-me que aquelas crianças que tinham a sorte dos pais terem mais condições económicas, gozavam com os que infelizmente não os tinham. Quem não usasse roupa de determinada marca, era inferior. Os alunos que se aplicavam e estudavam para ter boas notas, eram discriminados pelos colegas.
Quem tivesse borbulhas, ou algum problema de saúde ou alguma deficiência, ficava de fora do grupo dos “perfeitos”.
Quando chegou o momento da minha filha ir para a escola, a primeira coisa que pensei foi “espero que os colegas dela não a discriminem pelo facto de usar óculos”. Não que para ela seja um problema; aliás qualquer diferença só o passa a ser, quando alguém nos faz sentir que somos diferentes, porque antes disso somos pessoas como outras quaisquer.
Para mim, e principalmente, para a minha filha, ela só se sente diferente quando alguém a faz lembrar que tem um problema de visão, quando alguém comenta isto ou aquilo. Mas felizmente, teve sorte, e na escola não há esse problema.
Já o mesmo não se pode dizer, por exemplo, daquela menina anã, que tem dificuldades em fazer amizades porque os colegas de escola não se aproximam dela.
Ela não se sente apoiada pelos colegas, pelo contrário, sente que o facto de ser mais pequena os afasta. Mas não se pense que ela se deixa desmotivar por isso, porque continua a lutar e a ser uma aluna, quem sabe até, melhor que muitos colegas seus.
Infelizmente, por tudo e por nada se discrimina – ora porque se é gordo, ora porque se é magro, porque é alto ou porque é baixo, porque tem isto ou aquilo, porque não tem isto ou aquilo, porque se é rico ou porque se é pobre, porque se gosta disto, porque não se gosta daquilo…
E mais grave se torna quando os autores dessa discriminação não são apenas adultos, mas começam também a ser crianças que, sabe-se lá porquê, acham-se cada vez mais donas da verdade.
Mas quem somos nós para pensar em tal coisa, para pensar que somos perfeitos, e que o facto de os outros não serem iguais a nós, os torna inferiores, os torna menos importantes, os transforma em pobres coitados?
Quem somos nós para os impedir de terem as mesmas oportunidades, de se sentirem iguais apesar das diferenças? Quando deveríamos ser os primeiros a fazer precisamente o contrário.
Já basta o sofrimento que essas pessoas passam, que essas crianças experimentam logo em pequenas. Nós podemos ajudá-las, não discriminando, não as fazendo sentir menos capazes. Isso não significa fazer exactamente o oposto, andar sempre de volta delas, tratando-as como vítimas, como doentes, como alienígenas…
Significa apenas ter o mesmo tipo de comportamento e atitude com todos os que nos rodeiam.

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