Muitas vezes guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, pequenos textos que escrevemos e ficaram arrumados numa gaveta fechada...


Eu decidi abrir essas gavetas, e o resultado é este blog!




How many times we keep things for our own – opinions, feelings, ideias, moods, reflections, some little texts we wrote and put on a closed drawer…

Now I have decided to open those drawers, and this is the result!



quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A Pequena Annie

Uma destas noites acordei a chorar, não porque tenha tido algum pesadelo terrível (como é costume quase todas as noites), mas porque tive um sonho que para mim foi muito especial…
A protagonista desse sonho era a pequena Annie, uma menina com uns 4 ou 5 anos, loirinha, muito meiga e carinhosa, que qualquer pessoa gostaria de ter como filha.
Pelo que pude perceber, no sonho, Annie tinha vindo passar uns tempos comigo, não sei bem em que contexto, mas talvez fosse uma espécie de família de acolhimento temporário.
O que é curioso, é que eu nunca tive muito jeito para crianças, nem tão pouco me via a ser mãe, ou estar rodeada de crianças.
Mas a verdade é que a maternidade veio, de alguma forma, alterar um pouco a minha forma de pensar!
Sei que no meu sonho, eu gostava muito da Annie, como se realmente de uma filha se tratasse.
Era tão bom poder contribuir para a felicidade dela, poder dar-lhe o carinho e o afecto que ela provavelmente nunca tinha tido…e o mais espantoso, é que ela gostava mesmo de mim! E eu que pensei que isso não era possível! Talvez só em sonhos…
Naquele dia, era o dia da despedida, o dia em que nos íamos separar. Umas senhoras, que deveriam ser da Segurança Social ou algo do género, vinham buscá-la.
Como é óbvio, estávamos as duas tristes porque era uma separação difícil, e tentávamos conter as lágrimas.
E logo aí, a insensibilidade de algumas pessoas que parecem tratar-nos como máquinas sem sentimentos – uma dessas ditas senhoras disse-me o seguinte “Não tem vergonha de estar com essa cara, devia era mostrar que está feliz para a menina não perceber e ser mais fácil ela vir connosco”!
Para não me chatear mais, e porque queria o melhor para a Annie, parei, baixei-me e disse-lhe baixinho “Vem cá Annie e dá-me um abraço! A Marta despede-se já aqui de ti, porque agora tens que ir com estas senhoras! Mas podes vir sempre que quiseres e te deixarem, porque a Marta gosta muito de ti!”…e assim, depois dos beijinhos, voltei para casa, já sem conseguir aguentar mais, a chorar…
A pequena Annie voltou, mais uma vez, extremamente feliz por poder estar comigo e irmos à praia! Estava tão contente como alguém que nunca foi a uma praia, ela puxava-me e saltava e corria! Assim que chegou à praia, foi direitinha ao mar!
Mas foi a última vez que a vi, a última vez que esteve comigo…pelo menos fisicamente, porque a última parte do sonho, foi precisamente a imagem que, embora ausente, a presença e a lembrança dela estaria para sempre comigo!
E acordei! Tal como agora, ao relembrar o sonho, com um nó na garganta e a chorar!

Sim, foi apenas um sonho…mas um sonho que, de alguma forma, reflecte aquilo que eu ultimamente tenho muitas vezes desejado – ajudar as crianças.
Na verdade, queria ter dinheiro para poder eu própria criar uma fundação, ou uma associação, ou qualquer que seja o nome que lhe queiram chamar.
Poder ajudar da forma que elas mais precisassem – com roupas, alimentos, materiais escolares, cuidados de saúde…
É quase como ser uma espécie de madrinha para essas crianças, sempre gostei de ser madrinha!
Uma das coisas que me daria mais prazer era ser uma verdadeira “Mãe Natal”, e passar a véspera de Natal a distribuir presentes, a quem nunca soube o que era receber um! Mas não só, porque mais importante que todas as prendas que se possam dar, é o facto de dedicarmos um pouco do nosso tempo para estarmos com as crianças, fazê-las sorrir, fazê-las sentir que há alguém que se preocupa com elas, que há alguém que lhes dá atenção e carinho.
Mas infelizmente, não me saiu o Euromilhões. Rica também não sou, o que me limita bastante. E confesso que depois de dar uma espreitadela a algumas instituições, em que se quisermos ajudar, temos que ser sócios e pagar mensalidades, ou ter não sei quantas formações para poder exercer voluntariado, ou ter que seguir mil e uma formalidades para criar uma instituição, fiquei desanimada.
Talvez um dia, se tiver condições financeiras, possa vir a fazer as coisas “à minha maneira”, sem burocracias, apenas com a minha dedicação, e tornar os sonhos reais!

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