Muitas vezes guardamos tanta coisa só para nós - opiniões, sentimentos, ideias, estados de espírito, reflexões, pequenos textos que escrevemos e ficaram arrumados numa gaveta fechada...


Eu decidi abrir essas gavetas, e o resultado é este blog!




How many times we keep things for our own – opinions, feelings, ideias, moods, reflections, some little texts we wrote and put on a closed drawer…

Now I have decided to open those drawers, and this is the result!



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Quando os filhos têm vergonha dos pais



Depois de algumas horas fechados na sala de aula, chega finalmente a hora do recreio!
Os rapazes vão jogar à bola, enquanto as raparigas se juntam em grupinhos, a conversar ou a brincar com aquelas coisas que trouxeram de casa.
Observo com mais atenção, e descubro uma menina sentada num banquinho, afastada das outras crianças, a comer o seu lanche que a mãe, carinhosamente, lhe preparou.
Vejo no seu olhar, e na sua expressão, que está triste. Ela gostava de estar com as outras meninas. Mas as outras meninas não querem estar com ela.
Afinal, porque haveriam de a incluir naquele grupo de amizades? Quem é ela?
Ela é, apenas, a filha daquele homem que trabalha todos os dias para poder alimentar e dar o que pode à sua família, daquela mulher que, quando não está a trabalhar, fica em casa com os seus filhos, e vai levá-los e buscá-los à escola naquele velho Renault Clio que, provavelmente, não se importariam de trocar por outro mais novo, houvesse dinheiro para tal. Mas não há, e afinal de contas, é preferível ter aquele do que não ter nenhum.
Ela é, apenas, uma menina que não veste roupa de marcas famosas. Certamente, muitas das suas roupas nem novas são – foram dadas por outras pessoas a cujos filhos já não serviam. Embora os pais lhe possam comprar uma ou outra peça naquelas lojas mais baratinhas, ou numa qualquer feira.
Num meio onde vivem, em maioria, crianças filhas de pais ricos, com dinheiro, donos disto e daquilo, não é fácil ser pobre, não usar roupas de marca, andar num carro velho, e não ter brinquedos de última geração!
Aquela menina, é uma menina a quem os colegas põem de parte, por todos esses motivos Uma menina que todos os dias ouve os colegas chamarem-lhe as mais variadas coisas, que todos os dias é insultada e enxovalhada.
É uma menina triste e solitária, que só desejava ter amigas como qualquer outra criança, que só desejava brincar e ser aceite pelos colegas, que só desejava não ser discriminada pelas condições de vida que os pais lhe podem proporcionar…
Uma menina que, como qualquer ser humano, tem sentimentos…
E pergunto-me? Será a pobreza motivo para ter vergonha dos pais? Será uma justificação válida para tal?
Ou deve, pelo contrário, ser um motivo de orgulho para os filhos, saber que tudo o que têm, nem sempre muito, foi conseguido com muitos sacrifícios, esforço e dedicação dos seus pais, para que nunca lhes faltasse o essencial?
Não nos devemos sentir gratos quando, por exemplo, uma mãe abandonada pelo companheiro ainda grávida, cria a seu filho sozinha, trabalhando de sol a sol, muitas vezes passando fome para que não falte alimento ao filho, juntando todo o pouco dinheiro que conseguiu na sua vida para pagar os estudos ao filho e vê-lo formado em medicina?
É triste quando esse filho não reconhece tudo o que foi feito por ele, quando esse filho tem vergonha da própria mãe, quando finge não a conhecer e mente a todos sobre a sua família, quando esse filho só pensa no seu próprio bem-estar e comodidade, quando esse filho tem nojo da comida que a mãe, dentro das suas possibilidades, lhe pode pôr no prato, quando esse filho tem vergonha da casa pobre onde vive, não percebendo que ter um tecto para o acolher e abrigar, já é uma bênção.
Esse sim, é um bom motivo para se ter vergonha – não da pobreza material dos pais, mas da pobreza de valores morais de filhos!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

TOU...de volta!

  
Tou sonolenta,
Tou arrepiada,
Tou esfomeada,
Tou no blog,
Tou inspirada,
Tou...de volta!
E não, não estou com um bolicao na mão!
Pois é, estou de volta para mais uma semana de trabalho e de publicações, tal como os famosos Tou's estão de volta aos bolicaos!
E vocês, tão?!

Noite Calma - Quiet Night

           



Está uma noite tão calma - no céu nem uma nuvem, apenas uma infinidade de estrelas e, algures, a lua!
Não há vento e, embora esteja frio, dá vontade de vestir aquele casaco quentinho, e sair à rua para passear, em boa companhia, apreciando toda a luz e cor da cidade!
Imagino que estou, por exemplo, na romântica capital francesa.
De cabelo solto, aconchegada pelo meu casaco branco e botas castanhas sem saltos, até quase aos joelhos, que me fazem parecer uma menina, e sentir-me pequenina (mas são tão confortáveis), caminho de mãos dadas ou abraçada ao meu par!
São horas de jantar, num restaurante simples e acolhedor...
Sempre alegres e sorridentes, saímos então para uma última volta antes do regresso ao hotel.
Talvez contagiada pelo romantismo que caracteriza Paris, ou simplesmente porque estou apaixonada, grito para todos ouvirem, que o amo!
E ele, um pouco sem jeito com a inesperada e pública declaração, tentando calar-me mas, ao mesmo tempo, retribuir o gesto, envolve-me nos seus braços e beija-me, com todo o amor que sente!...
Chegados ao quarto, continuamos a trocar beijos e carícias, cada vez mais envolvidos naquele clima. Aos poucos, vamo-nos despindo um ao outro, até que os nossos corpos, já sem roupa mas quentes, se unem e se tornam um só...
Fazemos amor como só quem ama sabe...e acabamos por adormecer, aninhados um no outro, até de manhã!

It's a so quiet night – there are no clouds in the sky, just an infinity of stars and, somewhere, the moon!
There's no wind, and though it is cold, it makes you want to wear that warm coat, and go out for a walk in good company, enjoying all the light and color in town!
I imagine I am, for example, in the romantic french capital.
Hair loose, snug in my white coat and brown boots without heels, almost to the knees, which make me look like a girl, and feel little (but are so comfortable), path holding hands or hugging my partner!
It's time for dinner at a cozy and simple restaurant...
Always smiling and laughing, then we went out for a last tour before returning to the hotel.
Perhaps contaminated by the romanticism that characterize Paris, or simply because I am in love, I cry so that everybody can hear, that I love him!
And he, a little embarrassed by the unexpected and public love declaration, trying to silence me but at the same time, return the gesture, involves me in his arms and kiss me with all his love! ...
Having reached the room, we continued kissing and fondling, increasingly involved in that climate. Gradually, we let us undressing each other, until our bodies, already with no clothes, but hot, unite and become one ...
We make love as only those who love know ... then we fell asleep, nested within each other, till morning!

sábado, 26 de novembro de 2011

Sonho de uma tarde de Outono - An autumn afternoon dream

Apetecia-me passear contigo ao longo da praia...

Parar, puxar-te para mim, enquanto tu me seguras daquela forma que só tu sabes, e beijar-te!

Beijarmo-nos e perdermo-nos, no tempo e no espaço, como se, naquele instante, tivéssemos sido transportados para outra dimensão!

Beijarmo-nos, como duas pessoas que se amam!

Aquela praia, ainda movimentada, começa a parecer inapropriada para consumar esse amor.

Por isso, mesmo cheios de desejo, paramos!

Ainda com a sensação de que acabámos de acordar, de regressar à terra quando já vislumbrávamos o universo, de voltar à realidade...

Mas, no fundo, felizes!

Estamos juntos, e temos todo o tempo do mundo!


I felt like walking along the beach with you...
Then, we stop, I pull you to me, while you hold me that way only you know, and I kiss you!
We kiss and we lose ourselves in time and space as if, at that moment, we had been transported to another dimension!
We kiss, as two people who love each other!
That beach, still busy, begins to seem inappropriate to consummate that love.
So, even full of desire, we stop!
Still with the feeling that we just wake up, that we just return to earth when we were glimpsing the universe, that we have just come back to reality...
But, anyway, we are happy!
We're together, and we have all the time in the world!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Poesia Caseira!

Estou, certamente, sob o efeito da picada de um qualquer bicho das rimas. É a única explicação para estes versos que saíram desta cabecinha pensadora!

(à noite, quando me deitei)

Deitar tarde,
 e cedo erguer,
não dá saúde,
mas que se pode fazer!

O trabalho tem que ser feito,
e tudo depende de mim.
Não me resta outro jeito,
mas cheguei à cama, por fim!

Por vezes falta-me tempo,
para mandar uma mensagem.
Espero então um momento,
em que faça uma paragem!


(de manhã, ao acordar)

Bom dia meu amiguinho,
aqui estou eu a acordar.
Mesmo cheia de soninho,
na cama não posso ficar!

Encho-me então de coragem,
para tudo despachar.
Seguindo-se uma viagem,
para, na escola, a Inês deixar!

(já no trabalho)

Agora que estou aqui,
é hora de trabalhar.
Um bom dia para ti,
é o que posso desejar!


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Para quem gosta de bons filmes...For those who like great movies...

TAKEN - BUSCA IMPLACÁVEL



Kim, uma jovem com dezassete anos, é o orgulho do pai, o ex-agente secreto Bryan Mills, que se reformou para estar junto da filha na Califórnia, onde esta vive com a mãe e o abastado padrasto. Decidida em fazer uma viagem a Paris na companhia da sua amiga Amanda, Kim convence o pai a assinar a autorização. À chegada, as duas raparigas partilham um táxi com o desconhecido Peter e Amanda revela-lhe que estão sozinhas em Paris. Quando, Bryan telefona para saber como estão as coisas, Kim diz-lhe que foram raptadas por um bando de albaneses dedicado ao tráfico de jovens mulheres. Bryan promete matar os responsáveis e parte imediatamente para Paris na senda dos criminosos para libertar a filha.

(a não perder a sequela - Taken 2 - em 2013)


ABDUCTION - IDENTIDADE SECRETA


Desde que se conhece que Nathan Harper tem a desconfortável sensação de estar a viver a vida de outra pessoa. Quando se depara com uma fotografia de si mesmo em criança numa página da internet sobre pessoas desaparecidas, os seus mais obscuros receios tornam-se realidade, descobrindo que os seus pais não o são de verdade e que a sua vida é uma mentira, cuidadosamente fabricada para esconder algo mais misterioso e perigoso do que alguma vez pudera imaginar. Quando começa a reconstituir aos poucos a sua verdadeira identidade, Nathan vê-se alvo de um grupo de assassinos bem treinados, forçando-o a fugir com a única pessoa em quem pode confiar, a sua vizinha Karen. Cada segundo conta, mas à medida que os seus inimigos se aproximam, Nathan percebe que a única maneira de sobreviver – e desvendar o mistério sobre o seu desaparecido pai biológico – é deixar de fugir e tomar conta do assunto com as suas próprias mãos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Corrupio das Manhãs

                     Crianças - Para a escola 3               

Todos os dias a história se repete: acordo ao som do meu querido despertador, levanto-me (ao fim de alguns minutos a mentalizar-me para tal), e começo a minha rotina matinal!
Com algumas tarefas já adiantadas, espreito para o relógio de parede, por cima da mesa da cozinha - são 7h30m! Está na hora de acordar a minha filhota!
Tal como eu, ainda cheia de sono e tão bem aconchegada, na cama quentinha, que a última coisa que lhe apetecia era de lá sair!
Sempre com o tempo contado ao segundo, saímos finalmente de casa, iniciando a nossa caminhada até à escola.
E como sabem bem esses 20 minutos, em que efectivamente disponho de tempo para conversar com a minha filha!
É certo que preferia uma escola mais próxima de casa, pelo menos naqueles dias em que está frio ou chuva, já que não tenho carro, e autocarros àquela hora não existem. A própria escola só oferece transporte para quem more a mais de 4 quilómetros (não é o caso), e para pagar a uma carrinha, sai dispendioso.
Mas é com imenso prazer e satisfação que a acompanho até ao portão da escola, naquele a que já apelidei de “nosso momento do dia”!
Por entre mães (e pais) que, tal como eu, levam os filhos pela mão, a enorme quantidade de carros que por nós passam e, a muito custo, param nas passadeiras para que possamos atravessar para o outro lado da estrada, outros tantos que tentam estacionar, sair ou entrar do café, ou das empresas e fábricas pelas quais temos que, obrigatoriamente, passar, chegamos finalmente ao destino!
Tentamos visualizar algumas colegas dela no ponto de encontro e, entregando-lhe a mochila, despeço-me com um beijinho e o desejo de que o dia lhe corra da melhor forma!
Ainda fico, por breves instantes, a observá-la do lado de fora do gradeamento, tentando certificar-me de que ficou “bem entregue”!
Sigo então, no sentido inverso, cruzando-me com outras pessoas que ainda vão a caminho da escola, aventurando-me no que mais me parece um “labirinto”, tais são as voltas e manobras que tenho que dar e fazer, no meio de toda aquela confusão, que se gera devido à proximidade de quase todas as escolas da vila!
Até que, já longe daquele corrupio, chego ao meu trabalho, já cansada, confesso, mas feliz e agradecida por aquele pequeno momento que, com a mudança de horário neste ano lectivo, a escola me proporcionou!
Amanhã há mais!

Every day history repeats itself: I wake up with the sound of my beloved clock, get up (after a few minutes to psych me for that), and start my morning routine.
With some tasks already well advanced, I peek into the wall clock above the kitchen table - it is 7:30 am! It's time to wake up my baby!
Like me, still full of sleep and so well nestled in the warm bed, the last thing she wanted was to get out of there!
Always with the time counted by second, we finally left home starting our walk to school. And how good these 20 minutes are to me, I actually have the time to talk to my daughter!
It is true that I preferred a nearest school, at least on those days when it's cold or rain, since I have no car, and there are no buses at that hour. The school only offers transportation for those who live more than 4 kilometers (not applicable), and to pay for a van is too expensive.
But it is with great pleasure and satisfaction that I accompany her to the school gate, that we have already dubbed "our time of day"!
Among mothers (and fathers) who, like me, take their children by the hand, the huge amount of cars that pass by us and, with no will, stop at crossings so that we can cross to the other side of the road, as many trying to park, leave or enter the cafe, or the companies and factories, in which we must necessarily pass, we come finally to the destination!
We try to visualize some of her colleagues at the meeting and, handing her the bag, I say farewell with a kiss and wish that the day will run the best!
I still get, briefly, to watch her from outside the railing, trying to make sure that she is "in good hands"!
Then I follow, in reverse, crossing myself with other people who still go on their way to school, venturing on what I call "labyrinth", such are the twists and tricks that I have to give in the midst of whole mess, which is generated due the proximity of almost all schools in the village!
Now, away from that hustle, I get to my work, weary, I confess, but happy and thankful for that little moment!
Tomorrow there's more! 

Bullying - Uma Dura Realidade


Tenho uma filha! A menina que sempre desejei!
E como qualquer mãe galinha, tenho um desejo enorme de a proteger de tudo e de todos os que a possam magoar, seja de que maneira for.
Claro que só quero o melhor para ela, mas nem sempre protegê-la do mundo, criando uma redoma à sua volta, é a melhor forma de o demonstrar.
Há que deixá-la viver, experimentar, enfrentar as dificuldades e prepará-la para que, sozinha, sem estar na sombra de outros, consiga sobreviver nesta selva em que vivemos – desenvolvendo a sua autonomia, as suas capacidades, o seu poder de luta, aprendendo a se defender, se necessário for, e a resolver os seus problemas.
Com algumas reservas minhas, mas ao mesmo tempo ciente de que seria benéfico para ela, começou a frequentar o Jardim de Infância com 4 anos e hoje, com 7, está no 2º ano, numa escola pública onde, juntamente com ela, se encontram mais de 600 crianças.
Tal como neste vídeo, todos os dias ela se levanta, veste aquela roupa que tão carinhosamente escolhi para ela, toma o pequeno-almoço e vai para a escola.
Pelo que me apercebo, não tem muitas amigas, embora para ela todas as colegas sejam amigas. Até mesmo aquelas que a rebaixam, ou só a querem por perto por interesse.
Mas não me preocupa o facto de ter poucas amigas. Eu também não tive muitas. Na verdade, apenas duas, que me acompanharam durante os vários anos em que estudei.
Preocupa-me sim, que ela venha a ter inimigas! Não por algo que ela tenha feito de mal, até porque para quem pratica o “bullying”, não existe uma motivação aparente e, muitas vezes, quando a há, nem sempre está directamente relacionada com a vítima.
Outras, como foi o meu caso, surgiram na sequência de uma resposta que, provavelmente, aquelas pessoas não esperavam ouvir.
Ia para o 10º ano, tal como uma das minhas amigas que era da mesma turma que eu – éramos “caloiras” e não conhecíamos ninguém naquela escola.
Ao contrário daquelas três raparigas, que frequentavam o 11º ano e já conheciam meio mundo.
Sempre muito tímidas e não gostando de confusões, guerras ou discussões, tivemos um ano bastante complicado, em que a violência psicológica foi presença constante.
Cada vez que as avistávamos, ainda que bem longe, já os nervos davam sinal, e só queríamos que aquele instante que se aproximava passasse depressa.
Desde insultos, a comentários depreciativos, e até mesmo uma vez em que entraram na nossa sala de aula para nos danificarem o material escolar, os sentimentos que mais habitavam dentro de nós eram pavor, medo, ansiedade…
Dia após dia, éramos “empurradas” para aquele ambiente hostil, que muitas vezes nos levava ao desespero, e a pensar em desistir de estudar, só para o pesadelo acabar.
Felizmente, esta violência caracterizada pela prática de actos intencionais e repetidos, neste caso em grupo, foi apenas psicológica. Nunca houve agressões físicas.   
Mas não são poucos os casos em que somos vítimas de vários tipos de práticas, não só físicas (agredir, bater), mas também verbais (gozar, insultar, apelidar), materiais (roubar, destruir pertences ou danificando objectos pessoais), psicológicas (intimidar, ameaçar, perseguir, aterrorizar), e até mesmo, mais recentemente, virtuais!
Praticados em grupo, ou por uma só pessoa, estas situações ocorrem com maior frequência nas escolas, sempre fora da visão dos adultos, e normalmente as vítimas não reagem, nem tão pouco falam sobre as agressões de que foram vítimas.
Os agressores têm, geralmente, personalidades autoritárias, uma absurda necessidade de controlar ou dominar e são, algumas vezes simultaneamente, agressores e vítimas.
Contudo, não é um problema exclusivo das escolas, podendo acontecer em qualquer meio, como no local de trabalho ou entre vizinhos.
E as consequências não se fazem esperar – dor, angústia, irritação, ansiedade, stress, nervosismo e tristeza anormais, podendo, nos casos mais graves, levar à depressão, problemas psíquicos e até mesmo ao suicídio.
É importante não ignorar, não nos convencermos que tudo isto faz parte da vida e que há-de passar, mais cedo ou mais tarde.
Mais grave ainda que ser uma vítima de “bullying”, é vermo-nos sozinhos, é não sabermos a quem recorrer, a quem pedir ajuda, com quem conversar. É vermos as pessoas esconderem a cabeça na areia como avestruzes, ou virarem costas, como se de um perfeito disparate, inventado por alguém que apenas pretende chamar a atenção, se tratasse.
Lembro-me de não querer continuar a estudar, de pensar em desistir. A minha amiga fez apenas o 10º ano e ficou por aí. Já eu, fui “obrigada” pelos meus pais a continuar – passei para o 11º ano, o que significava ter que enfrentar durante um ano inteiro, e completamente sozinha, aquele inferno.
Muito embora o meu pai sempre me tenha dito que a melhor forma de lidar com esse tipo de pessoas é ignorando, não mostrando medo, nessa altura eram as últimas coisas que eu conseguia fazer.
Mas ter o 11º ano ou ter o 9º, ia dar no mesmo. E os meus pais queriam o melhor para mim, queriam que eu estudasse, para no futuro ter melhores oportunidades. Para isso era necessário ter, pelo menos, o 12º ano! Como hoje lhes agradeço essa imposição!
Felizmente, aquele ano passou-se, tal como passou o seguinte (muito melhor porque nessa altura já as ditas raparigas tinham deixado a escola secundária).
Hoje, olhando para trás, quando as vejo casadas e com filhos, penso se de facto teriam consciência daquilo que tanto gostavam de fazer, ou se seria uma rebeldia da adolescência.
Hoje, não procuro detectar uma situação semelhante em cada esquina, mas tento ficar atenta, para que a minha filha não venha a passar pelo mesmo que eu.
Para que, se um dia isso acontecer, eu possa compreendê-la, ajudá-la, e dar-lhe todo o meu apoio, na luta contra esta dura realidade!


terça-feira, 22 de novembro de 2011

Momentos - Moments


Desviei o olhar por uns segundos, do texto que estava a escrever, e apercebi-me que, por entre telefonemas, recepção de clientes e minutas informáticas, tinham passado quatro horas!
Um som vindo lá de fora chamou-me a atenção. Olhei para a janela - é noite!
Ainda há pouco era dia e caía uma chuva miudinha. Em tão pouco tempo, escureceu. A chuva miudinha deu lugar a um forte aguaceiro, e uma rajada de vento fez-se sentir. Agora, tudo voltou a estar calmo.
E continuo o meu trabalho... 



I looked away for a few seconds, the text I was writing, and I realized that, through phone calls, clients reception and drafts, four hours had passed!
A sound coming from outside caught my attention. I looked out the window - it's night!
Only a few minutes ago it was day and a drizzling rain fell. In such a short time, darkened. The drizzle gave way to a heavy downpour, and a gust of wind was felt. Now all is calm again.
I continue my work ...

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Haja Paciência

                       

Marcava o relógio 17h11m, quando me dirigi ao atendimento do SAP (Serviço de Atendimento Permanente), a fim de marcar uma consulta para a minha pessoa.
Tendo perfeita consciência de que uma mera dor de ouvidos, embora muito incomodativa, não era um caso urgente, não deixei por isso de tentar “adiantar o serviço”!
Era domingo, tinha tempo disponível, e poderia muito bem esperar para ser atendida, evitando assim perder tempo e faltar umas horas ao trabalho hoje, para ir à Unidade de Saúde Familiar a que pertenço.
E mesmo já calculando que, provavelmente, nenhuma das farmácias da vila estaria ontem disponível (porque infelizmente aqui no concelho, temos uma espécie de sorteio, e cada dia do fim de semana calha a farmácias diferentes, o que quer dizer que talvez num fim de semana por mês tenhamos sorte), pelo menos já saía de lá com uma receita pronta a “aviar” hoje às 09 horas!
Ora, já sabemos que quando vamos aos hospitais e serviços afins, convém irmos preparados para esperar, e guarnecidos com uma boa dose de paciência.
Posso dizer que já estou física e psicologicamente treinada para isso, não só pelas inúmeras vezes que o tenho que fazer no meu trabalho, como muitas outras em que me dirigi ao referido serviço.
Ontem talvez tenha batido o meu recorde de tempo de espera – mais de 3 horas!
Como é óbvio, algumas pessoas já cansadas e desesperadas, começaram a reclamar. É que aqui, não existe triagem, nem grandes prioridades.
À excepção daqueles que vêm, trazidos por ambulâncias (que têm prioridade sobre quaisquer outros) só entra, sem esperar pela sua vez, quem estiver perto de desfalecer, ou a sangrar, e mesmo assim, não é garantia de saída rápida. Muitas vezes entram, mas ficam deitados em macas, ou sentados, à espera que alguma enfermeira os venha tratar ou medicar. E depois disso, continuam a aguardar, por um intervalo entre consultas, para o médico o examinar.
Claro que, como em tudo na vida, mais vale “cair em graça do que ser engraçado”, e não se percebendo muito bem porquê, lá ouve dois ou três casos bem sucedidos, em que chegaram depois e foram atendidos primeiro.
Isso revolta quem ali aguarda, naquela minúscula sala apinhada de doentes, durante horas, ouvir o médico finalmente chamar o seu nome!
E como demora, sermos chamados! É que existem apenas duas salas para dois médicos, mas não sabemos o que se passa lá dentro, porque se é certo que se vêem os doentes a sair das mesmas, já para os seguintes entrarem chega-se a esperar quase 20 minutos! Mistério…
Por entre protestos, ânimos exaltados e reclamações (em grande parte dos acompanhantes e não propriamente dos doentes), foi-se passando o tempo, sem nada mais com que nos ocuparmos.    
Eram 20 horas. Continuava sentada na mesma cadeira, e começava a incomodar-me ver duas ou três pessoas que mal se aguentavam, não serem chamadas sequer por uma enfermeira.
Mas enfim, estava na hora do jantar, e da troca de médicos, o que atrasa sempre um bocadinho o serviço (como se não estivesse já suficientemente atrasado)!
Finalmente fui chamada! Entrei, despacharam-me em menos de 10 minutos e lá saí eu, já perto das 20h30m, com a tão desejada receita na mão!
Deixando no meu lugar outras tantas pessoas que, possivelmente, passariam lá boa parte da noite.